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VIOLÊNCIA
O capitão foi detido ao se encontrar com uma mulher, usada como "isca" pela polícia, que atendeu a anúncio para posar nua
PM é suspeito de ser o maníaco de BH
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O capitão da Polícia Militar mineira A.G.R., 29, está sendo investigado sob suspeita de estar envolvido nos casos de desaparecimentos e assassinatos de mulheres na
zona noroeste de Belo Horizonte.
Desde fevereiro de 99, pelo menos nove mulheres desapareceram em bairros da região, sendo
que quatro corpos foram encontrados em matagais. Até agora,
nenhum dos casos foi esclarecido.
A polícia chegou até o capitão
por meio de denúncia de uma
mulher que atendeu a um anúncio, colocado em jornais da cidade, no qual o militar recrutava
mulheres que quisessem posar
nuas para revistas masculinas.
Segundo essa mulher, que foi
usada como "isca" pela polícia,
A.G.R. propôs que ela fizesse sexo
antes de tirar as fotos.
Ele foi detido anteontem, quando se encontrava com a mulher
em um shopping da região noroeste da cidade, o mesmo local
onde algumas desaparecidas foram vistas pela última vez.
O capitão foi ouvido em um depoimento que durou três horas.
Não foram encontradas provas
que o incriminassem. Ele foi liberado. A Polícia Civil e o serviço secreto da Polícia Militar estão investigando o policial.
A.G.R. negou em seu depoimento que tenha envolvimento
com os casos das mortes e desaparecimentos. Ele disse que convidava as mulheres para as fotos,
pois queria montar um catálogo a
ser oferecido a revistas. O militar
disse que só fez fotos com três ou
quatro mulheres. A Agência Folha não conseguiu localizar
A.G.R. na tarde de ontem.
"Ainda continuamos na nossa
linha de investigação, que aponta
mais de um autor para os crimes",
afirmou o delegado-titular da Delegacia de Homicídios de Belo
Horizonte, Édson Moreira.
De acordo com o delegado, o capitão usava o artifício das fotos
para fazer sexo com as mulheres
que atendiam ao anúncio.
O episódio lembra o caso envolvendo o motoboy Francisco de
Assis Pereira, que ficou conhecido como o "Maníaco do Parque".
Pereira confessou que atraía
mulheres para o parque do Estado (região sudoeste de SP) com
falsas promessas de que elas posariam para campanhas publicitárias. Lá, elas eram assassinadas.
O comandante do policiamento
militar de Belo Horizonte, coronel
Severo Augusto, ressaltou que
não há ainda dados conclusivos
para incriminar o capitão.
"Só porque ele exigia sexo antes
das fotos, não dá para concluir
que ele levava as mulheres para o
matagal e as assassinava."
A.G.R. está afastado da PM, pois
é candidato a vereador.
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