São Paulo, sábado, 22 de julho de 2000


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VIOLÊNCIA
O capitão foi detido ao se encontrar com uma mulher, usada como "isca" pela polícia, que atendeu a anúncio para posar nua
PM é suspeito de ser o maníaco de BH

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O capitão da Polícia Militar mineira A.G.R., 29, está sendo investigado sob suspeita de estar envolvido nos casos de desaparecimentos e assassinatos de mulheres na zona noroeste de Belo Horizonte.
Desde fevereiro de 99, pelo menos nove mulheres desapareceram em bairros da região, sendo que quatro corpos foram encontrados em matagais. Até agora, nenhum dos casos foi esclarecido.
A polícia chegou até o capitão por meio de denúncia de uma mulher que atendeu a um anúncio, colocado em jornais da cidade, no qual o militar recrutava mulheres que quisessem posar nuas para revistas masculinas.
Segundo essa mulher, que foi usada como "isca" pela polícia, A.G.R. propôs que ela fizesse sexo antes de tirar as fotos.
Ele foi detido anteontem, quando se encontrava com a mulher em um shopping da região noroeste da cidade, o mesmo local onde algumas desaparecidas foram vistas pela última vez.
O capitão foi ouvido em um depoimento que durou três horas. Não foram encontradas provas que o incriminassem. Ele foi liberado. A Polícia Civil e o serviço secreto da Polícia Militar estão investigando o policial.
A.G.R. negou em seu depoimento que tenha envolvimento com os casos das mortes e desaparecimentos. Ele disse que convidava as mulheres para as fotos, pois queria montar um catálogo a ser oferecido a revistas. O militar disse que só fez fotos com três ou quatro mulheres. A Agência Folha não conseguiu localizar A.G.R. na tarde de ontem.
"Ainda continuamos na nossa linha de investigação, que aponta mais de um autor para os crimes", afirmou o delegado-titular da Delegacia de Homicídios de Belo Horizonte, Édson Moreira.
De acordo com o delegado, o capitão usava o artifício das fotos para fazer sexo com as mulheres que atendiam ao anúncio.
O episódio lembra o caso envolvendo o motoboy Francisco de Assis Pereira, que ficou conhecido como o "Maníaco do Parque".
Pereira confessou que atraía mulheres para o parque do Estado (região sudoeste de SP) com falsas promessas de que elas posariam para campanhas publicitárias. Lá, elas eram assassinadas.
O comandante do policiamento militar de Belo Horizonte, coronel Severo Augusto, ressaltou que não há ainda dados conclusivos para incriminar o capitão.
"Só porque ele exigia sexo antes das fotos, não dá para concluir que ele levava as mulheres para o matagal e as assassinava."
A.G.R. está afastado da PM, pois é candidato a vereador.



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