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"Não posso manter minha família"
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O soldado da Polícia Militar da
Bahia José Raimundo dos Santos,
40, pode ser considerado um
exemplo dos problemas que a tropa alegou para iniciar a greve que
durou 13 dias no Estado.
"Com 18 anos de PM, recebo
apenas R$ 550 por mês, o que é insuficiente para manter a minha
família", diz o PM, que mora em
Coutos, um dos bairros mais violentos da periferia de Salvador.
Santos trabalha das 13h às 19h
fazendo a segurança da "Cesta do
Povo" (supermercado controlado
pelo governo, que vende alimentos subsidiados) no Lobato. Durante a greve dos civis e militares,
a loja foi assaltada.
""Desde que a PM passou a vigiar a loja, nunca houve sequer
uma tentativa de assalto. Bastou a
greve para os assaltantes agirem
livremente", disse o PM, que não
vai para a sua casa à noite fardado.
Todos os dias, antes de chegar
em casa, o PM mantém a mesma
rotina. "Quando não vou de carona com outros policiais, peço para
alguns amigos me esperarem na
rua principal do bairro. Não dá
para andar sozinho em Coutos
sem correr risco."
Para aumentar a renda, ainda
trabalha 20 horas por semana como professor em uma escola municipal. No final do mês, engorda
o seu orçamento em mais R$ 300.
Até quatro meses atrás, a própria PM não entrava no bairro
onde mora o soldado Santos.
"Simplesmente as ruas não davam condição de acesso aos carros da Polícia Militar", diz o PM,
que é casado e tem três filhos.
(LUIZ FRANCISCO)
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