|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INVESTIGAÇÃO
A obra pode ter custado mais caro ao Estado de São Paulo em razão de possível cartel do mercado de britas
União apura suposta fraude no Rodoanel
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As obras do Rodoanel Mário
Covas, principal obra viária do
Estado de São Paulo, podem ter
custado mais caro ao Estado em
razão da atuação de um suposto
cartel do mercado de britas. A
suspeita está sendo investigada
pela SDE (Secretaria de Direito
Econômico), que fez a primeira
operação de busca e apreensão
em uma investigação de formação de cartel na semana passada.
O resultado foi a reunião de elementos para abertura de processos administrativos contra o Sindipedras (Sindicato da Indústria
de Mineração de Pedra Britada do
Estado de São Paulo) e mais 23
empresas que atuam na região
metropolitana de São Paulo.
O secretário de Direito Econômico, Daniel Goldberg, afirmou
que foram encontrados documentos relacionados à obra do
Rodoanel e também de trechos da
rodovia Fernão Dias. Entre esses
documentos estavam planilhas de
custo e faturamento e divisão de
trechos licitados do Rodoanel por
empresa participante do cartel.
Essa combinação de preços
"certamente tornou a obra mais
cara ao Estado", na avaliação do
secretário. Segundo ele, não há indício de que o governo do Estado
de São Paulo tenha tido conhecimento do esquema do mercado
de britas, mas sim de que teria sido vítima da combinação.
A assessoria de imprensa da
Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.), responsável pela
obra, informou ontem que a empresa só irá se manifestar quando
tiver "dados concretos".
Para Goldberg, trata-se de um
"cartel sofisticado", que desenvolveu um software de controle de
preços, margem de lucro e clientes, chamado de PAE (Programa
de Acompanhamento Estatístico). As reuniões realizadas na sede do Sindipedras eram chamadas de "curso" e a listagem de
clientes era armazenada em um
arquivo chamado "bíblia".
Todas essas informações constam dos documentos, arquivos de
computadores e fitas de áudio e
vídeo apreendidos na busca realizada pela Polícia Federal, representantes da AGU (Advocacia Geral da União) e oficiais de Justiça
na sede do Sindipedras. A investigação partiu de uma denúncia
anônima, que motivou a SDE a
acompanhar de perto o caso.
"De fato, identificamos algo
muito maior do que imaginávamos", afirmou Goldberg. Na documentação apreendida há estratégias de formação de preço do
setor, detalhes sobre o que fazer
com as empresas "não alinhadas", informações sobre política
de preços, dados sobre concentração do mercado e orientações sobre como ingressar no cartel.
Goldberg informou que há diversos documentos que mencionam outros setores, como o de
concreto, cimento e areia, que serão investigados também. O processo administrativo no caso do
mercado de britas terá "prioridade imediata" para, em poucos
meses, ser encaminhado ao Cade
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
As empresas têm 30 dias para
apresentar sua defesa à SDE. Se
condenadas pelo Cade, poderão
ser punidas com multa de 1% a
30% do faturamento anual, e os
dirigentes ainda estarão sujeitos a
pena de prisão de três a 11 anos.
Outro lado
A diretoria do Sindipedras não
quis se pronunciar e apenas informou, por meio de sua assessoria,
que os advogados do sindicato
vão verificar o conteúdo do material apreendido. Somente depois
disso o sindicato deverá se manifestar.
(SANDRA MANFRINI)
Texto Anterior: Abastecimento: Manutenção deixa hoje bairros do centro e da zona oeste de SP sem água Próximo Texto: Saúde: Prefeitura comandará hospitais do Estado a partir do próximo mês Índice
|