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Situação poderia ter provocado nova tragédia, diz controlador
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
Segundo um controlador ouvido pela Folha, a situação precária causada pela pane do Cindacta-4 poderia ter levado a
uma nova tragédia. Com medo
de retaliações, ele pediu que
seu nome não fosse publicado.
A pane elétrica ocorrida no
Cindacta-4 obrigou os controladores de vôo do centro a trabalharem no escuro e a fazer
contato com órgãos de controle
de aproximação por meio de
seus telefones celulares.
Apenas duas linhas de telefone funcionaram, segundo o
controlador. E rádios e radares
ficaram inoperantes. Ele disse
que, após a falha, ocorrida por
volta das 23h30, o sistema de
"backup" -geradores de reserva- não funcionou. A energia
só voltou por volta das 2h.
Segundo o relato do controlador, havia 45 aeronaves sem
comunicação sobrevoando a
região no momento. "Tínhamos apenas dois telefones fixos, que funcionam em casos
de emergência. A maioria dos
contatos com outros órgãos de
controle [de aproximação] em
Belém, Manaus e Santarém foi
feita pelos nossos celulares."
De acordo com o controlador, um avião ABSA Cargo Airline, de rota internacional, entrou no sistema sem contato com os radares e, a partir de
Manaus, deveria trocar de altitude e não o fez, passando a sobrevoar a área na contramão.
"A exemplo do que aconteceu com o Legacy [que colidiu
com o Boeing da Gol no ano
passado], poderia ter havido
tragédia. Só conseguimos fazer
contato com a Venezuela para
avisar da situação, e eles que tiveram que desviar as outras aeronaves do jato", disse.
O controlador disse que a
idéia era fechar o espaço aéreo
para garantir a segurança dos
vôos. "Mas o tenente-coronel
Leonidas Medeiros de Araújo
Jr., subcomandante do Cindacta-4, ordenou que não o fechássemos pois ninguém poderia
saber o que estava acontecendo. Ele ameaçou prender os
controladores caso não cumpríssemos as medidas."
A reportagem tentou localizar comandantes do Cindacta-4, mas não conseguiu até a conclusão desta edição.
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