São Paulo, domingo, 22 de julho de 2007

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ENTREVISTA MILTON ZUANAZZI

Para presidente da agência, medidas podem não ser tão efetivas

Milton Zuanazzi acredita que as medidas anunciadas anteontem pelo governo federal para desafogar Congonhas talvez não tenham o efeito esperado

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi acredita que o pacote para desafogar Congonhas, anunciado anteontem pelo governo, talvez não surta o efeito esperado.
"Exeqüível é. Só não sei se será uma medida com os resultados que se espera. Temos que aguardar para ver. O problema de São Paulo é a falta de uma alternativa. A demanda de pessoas que viajam não é uma coisa que se possa controlar."
Para Zuanazzi, as decisões cabem ao governo e ao Conac (Conselho Nacional de Aviação Civil). A função da Anac é fiscalizar e regular o setor, no interesse da sociedade. Ele afirma que a agência "não tem nenhuma responsabilidade" pelo caos aéreo que há quase um ano tomou conta do país e considera que a Anac é criticada por aspectos que não são de sua responsabilidade.
Zuanazzi reclama ainda da falta de dinheiro para fiscalização e regulação do setor. Veja trechos da entrevista.  

FOLHA - O presidente falou em fortalecer a Anac. O que isso significa?
MILTON ZUANAZZI
- Prioridade de recursos para exercer as funções de regular e fiscalizar. Para isso, tem que ter recursos humanos, recursos materiais.

FOLHA - O que falta para a Anac?
ZUANAZZI
- Nenhum organismo no Brasil ou agência reguladora tem dinheiro sobrando e profissionais sobrando [...]. Pedimos para o orçamento deste ano R$ 231 milhões e recebemos R$ 151 milhões. O que estamos discutindo com o governo é remunerar a Anac por dentro do sistema, e não pelo Ministério da Fazenda.

FOLHA - Por que a Anac não fez mudanças em Congonhas antes?
ZUANAZZI
- A agência tomou as medidas que considera as mais corretas, ou seja, baixamos os slots [horários e espaços de pouso e decolagem] de Congonhas para 44 movimentos/hora. Nós limitamos a aviação comercial em 38 movimentos/hora. Passamos por um ano atípico, tivemos duas obras -numa pista e depois noutra. Nós estávamos dentro daquilo que os padrões internacionais entendem que é viável. Nunca negamos que o ideal em São Paulo não era o "hub" [centro de distribuição de vôos] em Congonhas, mas sempre dissemos que não tínhamos alternativa de outro sítio aeroportuário [...].

FOLHA - E a idéia de criar um "hub" do Sudeste, com mais vôos no Rio?
ZUANAZZI
- Ele já está acontecendo no Rio e em Belo Horizonte. Pega os vôos em Confins e no Galeão há um ano e agora. O que a imprensa nunca diz é que a Anac nunca deu um novo "slot" em Congonhas desde que surgiu e que reduziu os "slots" em Congonhas. A gente fica apanhando por ter excesso de tráfego no aeroporto quando nós é que diminuímos. Quem aumentou? Nós estamos recebendo as críticas de algo que não fizemos.

FOLHA - Como foi ser condecorado com a medalha Santos Dumont?
ZUANAZZI
- A Aeronáutica é que tem que responder, mas não sinto que esteja fazendo nenhum mal à sociedade. Estou fazendo um esforço para acertar um conjunto de problemas, mas tem muita coisa que não tem a ver com a agência, como o controle de tráfego aéreo.

FOLHA - A Anac já identificou algum local capaz de receber o novo aeroporto?
ZUANAZZI
- A Anac já informou há bastante tempo o governo, inclusive na CPI, que necessitamos com urgência de um novo equipamento em São Paulo, além da ampliação de Guarulhos. O primeiro passo é ampliar Guarulhos, e o segundo é criar um novo equipamento em São Paulo, que pode ser um novo sítio ou uma ampliação. Estamos estudando levar a aviação geral [transporte aéreo não regular, como táxi aéreo] para Jundiaí porque é um local próximo de São Paulo, mas ainda não veio a resposta definitiva do Comando da Aeronáutica.


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