São Paulo, domingo, 22 de julho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Labradores ajudam nas buscas de corpos do acidente

As cadelas Dora, Dara e Ane chegaram ontem aos escombros

Pela manhã, cadelas que participaram de buscas na cratera do metrô Pinheiros já tinham encontrado fragmentos de vítimas

Rodrigo Paiva/Folha Imagem
Labrador do Corpo de Bombeiros vasculha escombros; cães atuaram na tragédia do metrô Pinheiros


DA REPORTAGEM LOCAL

As cadelas labradores Dora, Dara e Ane, que participaram das buscas de corpos na tragédia do metrô de Pinheiros, em janeiro deste ano, chegaram na manhã de ontem aos escombros do acidente da TAM, ao lado do aeroporto de Congonhas. "Os cães vasculharão a área em busca de fragmentos de corpos", explicou o sargento José Edvaldo Mascarenhas.
"As cadelas também podem ser ferramenta para achar corpos inteiros, especialmente em lugares onde ainda não tivemos acesso, entre 15% e 20% do prédio", disse o capitão Mauro Lopes, porta-voz do Corpo de Bombeiros.
No fim da manhã, elas já tinham encontrado alguns fragmentos de corpos. Nas primeiras horas, porém, o trabalho foi de reconhecimento de área. "Lá dentro do prédio está ainda muito quente. Se uma cadela se queima, pode se traumatizar e não querer fazer o trabalho nunca mais", disse Mascarenhas. O cálculo dos bombeiros é de que a temperatura passe de 60 graus em alguns pontos.
Era a primeira vez em que as cadelas fariam reconhecimento de corpos carbonizados. "Elas são treinadas para farejar corpos em decomposição. Então estamos preparando os animais, dando a eles sacos que transportaram corpos carbonizados", disse Lopes. O Corpo de Bombeiros tem 12 cães treinados para participar de buscas.
De madrugada, no IML (Instituto Médico Legal), foram identificados mais quatro corpos: Heloisa Helena Lopes, Maria de Fátima Santiago, Carla Fioratti e Julia de Oliveira Camargo. Já são 45 as vítimas reconhecidas. Pelo menos 197 pessoas morreram, sendo que 187 estavam no avião.
Para ajudar na identificação, funcionários do IML estavam programados para, à tarde, percorrer os três hotéis onde se encontram parentes das vítimas a fim de recolher amostras de sangue. O material será utilizado em testes de DNA.
Algumas famílias também começaram a voltar para casa. Na sexta-feira, segundo a TAM, havia 348 parentes hospedados nos hotéis. Ontem, o número estava em 255 até o fim da manhã. David Julio, pai de Rodrigo de Sousa Moreale, 32, se preparava para voltar a Itápolis, interior de São Paulo, onde mora. "Só estou esperando para tirar o sangue. Tenho de tentar retomar a rotina, por mais difícil que seja." Sua mulher permanecerá em São Paulo até que o corpo seja identificado.


Texto Anterior: Entrevista Milton Zuanazzi: Para presidente da agência, medidas podem não ser tão efetivas
Próximo Texto: Tragédia em Congonhas/Manutenção: Técnicos afirmam fazer revisões sob pressão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.