São Paulo, Quinta-feira, 22 de Julho de 1999
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ÔNIBUS
Prefeitura havia acusado empresas de estimular protestos de motoristas para receber dívidas do município
Secretário descarta locaute sem apurar

Lalo de Almeida/Folha Imagem
Ônibus com pneu furado que não havia sido removido da frente da Prefeitura de São Paulo ontem


da Reportagem Local

A Secretaria Municipal dos Transportes informou ontem que não vai abrir sindicância para apurar a suspeita de locaute (interrupção dos serviços motivada pelos patrões) no sistema de ônibus anteontem, quando 700 mil passageiros ficaram sem transporte durante protesto de motoristas e cobradores.
Anteontem, a Prefeitura de São Paulo havia acusado as empresas de ônibus de incentivar as paralisações e ameaçou rescindir os contratos com as empresas.
O raciocínio da prefeitura é que os empresários estão induzindo motoristas e cobradores a fazer paralisações para pressionar a prefeitura a liberar repasses atrasados e quitar suas dívidas.
O prefeito de São Paulo, Celso Pitta, anteontem chegou a pedir ao secretário municipal dos Negócios Jurídicos, Edvaldo Brito, a elaboração de um relatório sobre o suposto locaute, segundo informou sua assessoria de imprensa.
Um indício do locaute seria o fato de os empresários não tomarem nenhuma medida punitiva contra os funcionários que usaram ônibus das empresas nos protestos recentes. Na terça-feira, 2.000 dos 10.800 ônibus da cidade passaram o dia estacionados diante da prefeitura.
A SPTrans (São Paulo Transporte) informou que, pelas regras da concessão às empresas, a punição prevista para locaute é a rescisão do contrato.
O secretário Getúlio Hanashiro descartou a abertura de uma investigação porque analisou que não houve locaute. Segundo o secretário, o caso se restringiu a uma "coincidência de interesses" entre funcionários e empresários.
Na avaliação da secretaria, o locaute só existiria caso os motoristas entrassem em greve ontem. Os técnicos da SPTrans também avaliaram que é "praticamente impossível" provar o locaute.

Questão pendente
Em nova reunião feita ontem entre representantes da SPTrans, empresários e motoristas, não foi discutido o pagamento das parcelas da dívida da prefeitura.
A reunião acabou tratando da situação das empresas Vitória, Geórgia e Masterbus, que continuavam paradas ontem.
A Geórgia, que não participou da reunião, resolveu a questão diretamente com os funcionários.
Já a Vitória garantiu a volta às ruas dos 74 carros que não foram apreendidos, também assegurando o pagamento dos três dias de paralisação de seus funcionários.
A empresa, que pertence ao grupo Ruas, um dos maiores da cidade, enviou representante que disse que tentará recuperar 121 ônibus apreendidos, por meio de liminar na Justiça.
Segundo a empresa, ônibus de outras companhias do grupo seriam colocados no sistema até segunda-feira. A proposta foi aceita por seus funcionários, que levaram à noite os ônibus parados no parque D. Pedro para a garagem.
Já a Masterbus tentará um novo acordo com os funcionários hoje, em reunião com o secretário Getúlio Hanashiro.



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