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OPINIÃO
Câncer de mama
ARTUR KATZ
Atingindo 11% das mulheres
americanas, o câncer de mama é
diagnosticado em aproximadamente 30 mil mulheres a cada ano
no Brasil (dados do Instituto Nacional de Câncer).
Trata-se de uma doença com
evolução bastante lenta. São necessárias décadas até que alcance
um tamanho suficientemente
grande para ser reconhecida por
qualquer técnica de imagem.
Por isso, as causas para seu desenvolvimento devem sempre ser
pesquisadas no passado remoto
das pacientes. Sabe-se hoje que
menstruações precoces e menopausa tardia são fatores de risco,
enquanto uma gestação antes dos
18 anos traria alguma proteção.
Além disso, o câncer de mama
ocorre numa frequência muito
maior na mulher ocidental, em
comparação com as orientais, devido principalmente a fatores ambientais. Enquanto a dieta oriental
apresenta-se rica em vegetais, com
grande quantidade de fibras alimentares, sais e vitaminas, no Ocidente a alimentação é marcada por
um alto consumo de carne e gordura. Essas diferenças criam situações hormonais muito distintas.
Se a prevenção da doença passa
por mudanças nos hábitos alimentares e por controle de peso, seu
diagnóstico precoce exige participação da população, com o auto-exame das mamas e a realização
periódica de mamografias.
Quanto ao tratamento, a ordem
é tentar preservar a mama sempre
que possível. Diagnósticos cada
vez mais precoces permitem cirurgias menos agressivas, nas quais se
procura retirar apenas o tumor e
suas áreas mais próximas, além
dos gânglios axilares.
Esses tratamentos podem ser
acompanhados por radioterapia
sobre a mama, além da quimioterapia e do tratamento hormonal.
A maior novidade para o tratamento é a "quimioterapia em altas doses com resgate hematológico". Nessa forma de tratamento,
drogas quimioterápicas são utilizadas em doses muito superiores
às empregadas na quimioterapia
convencional.
São escolhidas drogas às quais as
células do câncer de mama apresentam-se sensíveis e com toxicidade maior para a medida óssea,
poupando outros órgãos.
Antes de iniciar a aplicação de
drogas na quimioterapia em alta
doses, são colhidas do paciente células capazes de recuperar sua medula óssea: as células totipotentes,
que podem ser coletadas na própria medula óssea do paciente ou
em seu sangue periférico. Esse material é devolvido ao paciente após
o término do seu tratamento quimioterápico, permitindo a recuperação de sua medula.
Artur Katz, 39, foi presidente do 10º Congresso
da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica,
realizado em São Paulo entre 13 e 16 de agosto.
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