São Paulo, sexta, 22 de agosto de 1997.



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OPINIÃO
Câncer de mama

ARTUR KATZ
Atingindo 11% das mulheres americanas, o câncer de mama é diagnosticado em aproximadamente 30 mil mulheres a cada ano no Brasil (dados do Instituto Nacional de Câncer).
Trata-se de uma doença com evolução bastante lenta. São necessárias décadas até que alcance um tamanho suficientemente grande para ser reconhecida por qualquer técnica de imagem.
Por isso, as causas para seu desenvolvimento devem sempre ser pesquisadas no passado remoto das pacientes. Sabe-se hoje que menstruações precoces e menopausa tardia são fatores de risco, enquanto uma gestação antes dos 18 anos traria alguma proteção.
Além disso, o câncer de mama ocorre numa frequência muito maior na mulher ocidental, em comparação com as orientais, devido principalmente a fatores ambientais. Enquanto a dieta oriental apresenta-se rica em vegetais, com grande quantidade de fibras alimentares, sais e vitaminas, no Ocidente a alimentação é marcada por um alto consumo de carne e gordura. Essas diferenças criam situações hormonais muito distintas.
Se a prevenção da doença passa por mudanças nos hábitos alimentares e por controle de peso, seu diagnóstico precoce exige participação da população, com o auto-exame das mamas e a realização periódica de mamografias.
Quanto ao tratamento, a ordem é tentar preservar a mama sempre que possível. Diagnósticos cada vez mais precoces permitem cirurgias menos agressivas, nas quais se procura retirar apenas o tumor e suas áreas mais próximas, além dos gânglios axilares.
Esses tratamentos podem ser acompanhados por radioterapia sobre a mama, além da quimioterapia e do tratamento hormonal.
A maior novidade para o tratamento é a "quimioterapia em altas doses com resgate hematológico". Nessa forma de tratamento, drogas quimioterápicas são utilizadas em doses muito superiores às empregadas na quimioterapia convencional.
São escolhidas drogas às quais as células do câncer de mama apresentam-se sensíveis e com toxicidade maior para a medida óssea, poupando outros órgãos.
Antes de iniciar a aplicação de drogas na quimioterapia em alta doses, são colhidas do paciente células capazes de recuperar sua medula óssea: as células totipotentes, que podem ser coletadas na própria medula óssea do paciente ou em seu sangue periférico. Esse material é devolvido ao paciente após o término do seu tratamento quimioterápico, permitindo a recuperação de sua medula.


Artur Katz, 39, foi presidente do 10º Congresso da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, realizado em São Paulo entre 13 e 16 de agosto.



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