São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 2000


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ROMENOS
Último pedido foi no dia 27
Refugiados desistem de pedir asilo em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

A cidade de São Paulo parou de receber há quase um mês pessoas que se dizem refugiadas da Romênia. De março a julho, 227 romenos chegaram à capital alegando serem perseguidos no Leste Europeu e pedindo autorização para viver no país. Ou seja, quase dois por dia.
Eles se tornaram conhecidos dos paulistanos porque costumam ficar nos semáforos pedindo esmolas com cartazes do tipo "Sou da Romênia. Tenho dois filhos. Não tenho trabalho. Por favor, me ajude. Deus abençoe".
A última família foi cadastrada pelo Cáritas (ligado à Arquidiocese de São Paulo) e Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) no dia 27 de julho. Desde então, nenhum romeno procurou essas entidades em busca de refúgio.
A explicação da Polícia Federal é que esses estrangeiros podem ter se assustado com uma decisão do Conselho Nacional de Refugiados, no último dia 3. Na ocasião, o órgão considerou que os motivos apresentados por 15 famílias para deixar a Romênia não justificavam o refúgio. Elas ainda serão notificadas pela Polícia Federal e terão 15 dias para recorrer da decisão ou sair do país.
"Essa notícia deve ter evitado a chegada de outros romenos. Alguém pode ter espalhado essa informação", afirmou Luciano Pestana Barbosa, da Delemaf (Delegacia Marítima Aérea e Portuária de Fronteiras da Polícia Federal).
Em julho, a PF abriu inquérito para investigar o agenciamento dos romenos que entram clandestinamente no Brasil.
Na época, a Folha apurou que um suposto pastor, que todos misteriosamente evitavam revelar a identidade, organizava a entrada dessas famílias. Ele seria dono de uma perua Besta branca, com placa da Argentina. Casado, pai de quatro filhos, foi o primeiro a se instalar, em março, em uma pensão da Luz, onde a maioria está concentrada.
Comerciantes do bairro dizem que os romenos continuam chegando à cidade. "Eles não estão pedindo refúgio porque não querem ser identificados. Mas continuam vindo para cá", diz o dono de uma pensão, que recebeu três famílias na semana passada.
O caminho dos romenos até o Brasil passa necessariamente pela Bolívia. É lá que eles conseguem chegar de avião. O primeiro alvo do grupo foi a Argentina, que teve 400 pedidos de refugiados romenos no ano passado. (ALENCAR IZIDORO)

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