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ROMENOS
Último pedido foi no dia 27
Refugiados desistem de pedir asilo em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
A cidade de São Paulo parou de
receber há quase um mês pessoas
que se dizem refugiadas da Romênia. De março a julho, 227 romenos chegaram à capital alegando serem perseguidos no Leste
Europeu e pedindo autorização
para viver no país. Ou seja, quase
dois por dia.
Eles se tornaram conhecidos
dos paulistanos porque costumam ficar nos semáforos pedindo esmolas com cartazes do tipo
"Sou da Romênia. Tenho dois filhos. Não tenho trabalho. Por favor, me ajude. Deus abençoe".
A última família foi cadastrada
pelo Cáritas (ligado à Arquidiocese de São Paulo) e Acnur (Alto
Comissariado das Nações Unidas
para Refugiados) no dia 27 de julho. Desde então, nenhum romeno procurou essas entidades em
busca de refúgio.
A explicação da Polícia Federal
é que esses estrangeiros podem
ter se assustado com uma decisão
do Conselho Nacional de Refugiados, no último dia 3. Na ocasião, o órgão considerou que os
motivos apresentados por 15 famílias para deixar a Romênia não
justificavam o refúgio. Elas ainda
serão notificadas pela Polícia Federal e terão 15 dias para recorrer
da decisão ou sair do país.
"Essa notícia deve ter evitado a
chegada de outros romenos. Alguém pode ter espalhado essa informação", afirmou Luciano Pestana Barbosa, da Delemaf (Delegacia Marítima Aérea e Portuária
de Fronteiras da Polícia Federal).
Em julho, a PF abriu inquérito
para investigar o agenciamento
dos romenos que entram clandestinamente no Brasil.
Na época, a Folha apurou que
um suposto pastor, que todos
misteriosamente evitavam revelar a identidade, organizava a entrada dessas famílias. Ele seria dono de uma perua Besta branca,
com placa da Argentina. Casado,
pai de quatro filhos, foi o primeiro
a se instalar, em março, em uma
pensão da Luz, onde a maioria está concentrada.
Comerciantes do bairro dizem
que os romenos continuam chegando à cidade. "Eles não estão
pedindo refúgio porque não querem ser identificados. Mas continuam vindo para cá", diz o dono
de uma pensão, que recebeu três
famílias na semana passada.
O caminho dos romenos até o
Brasil passa necessariamente pela
Bolívia. É lá que eles conseguem
chegar de avião. O primeiro alvo
do grupo foi a Argentina, que teve
400 pedidos de refugiados romenos no ano passado.
(ALENCAR IZIDORO)
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