São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2004

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Paraná tem leis especiais e serviço policial modelo

DA REPORTAGEM LOCAL

No Paraná, 729 crianças desapareceram desde 1995. Deste total, apenas sete casos continuam pendentes. O resultado se deve à criação de leis voltadas para a segurança das crianças e da instalação de um serviço policial especializado nessa área, o Sicride (Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas), considerado modelo no país.
"Nossos policiais são diferenciados, pois para trabalhar aqui é preciso saber lidar com crianças. Temos pessoal especializado em retrato falado e em envelhecimento de imagens, para termos uma projeção de como a criança ficou com o passar do tempo. Além disso, temos um serviço psicológico pelo qual todas as crianças que atendemos têm de passar, mesmo quando apenas fugiram de casa e voltaram espontaneamente", afirma a delegada Márcia Santos.
Segundo ela, na maioria dos casos (cerca de 70%), a criança fugiu de casa. Neste ano, ainda de acordo com Santos, dos 74 casos de desaparecimento registrados, todos já resolvidos, nenhum era relativo a seqüestro.
Em São Paulo, de cada quatro vítimas de seqüestro, uma (25%) é estudante, segundo levantamento revelado pela Folha, com base em boletins de ocorrência registrados de janeiro a junho deste ano em 42 municípios. Segundo o governo estadual, 33 casos de seqüestro foram registrados no primeiro semestre deste ano, contra 29 no mesmo período de 2003.
O Sicride foi criado em 1995, ainda como reflexo de uma onda de desaparecimento de crianças que assombrou o Paraná entre 1991 e 1992. Doze crianças sumiram nesse período. Nenhuma delas foi encontrada. Entre as mães que perderam seus filhos estava Arlete Caramês, que fundou o Movimento Nacional em Defesa da Criança Desaparecida.
No site da entidade (www.crian casdesaparecidasparana.hp g.ig.com.br), há uma lista com quase vinte dicas de ações que os pais devem adotar para proteger seus filhos. Entre elas, não deixar a criança brincar sozinha na rua ou voltar desacompanhada da escola. "Na maioria das vezes em que as crianças somem, elas estavam perto de casa. Não é que a gente queira dar início a uma histeria, mas os pais sempre acham que essas coisas só acontecem na casa do vizinho e não tomam as devidas precauções", afirma Marília Pomo Marchesi, coordenadora do movimento.
Entre as leis que dificultam a ação de seqüestradores de crianças, Marchesi destaca a que proíbe a hospedagem de crianças em hotéis sem a completa documentação dos pais e da criança e a que exige que a criança tenha carteira de identidade para ser matriculada na escola. "Com isso, as digitais da criança ficam registradas e é mais fácil identificá-la. Podem mudar o nome, o corte de cabelo, mas as digitais não mudam."
(AL)


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