São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 2006

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Baixa umidade do ar faz Ribeirão Preto ter dia de deserto

Índice registrado no município foi de 4,8%, o menor já medido no país; prefeitura decreta estado de emergência

Não deve chover na cidade e na região nos próximos dez dias, o que deverá manter o clima seco no período, de acordo com a Defesa Civil


DA FOLHA RIBEIRÃO

A cidade de Ribeirão Preto (314 km de SP) enfrentou ontem, às 16h, o índice de umidade relativa do ar mais baixo já medido no país. Por causa do índice, de 4,8%, a prefeitura decretou estado de emergência na cidade -no deserto do Saara, no norte da África, a umidade ontem foi de 10%, segundo o site do Canal do Tempo.
A medição, feita pelo Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos) e confirmada pela Defesa Civil estadual, ocorreu na estação meteorológica do aeroporto da cidade. Segundo o Cepag (Centro de Ensino e Pesquisa em Agricultura da Unicamp), índices de umidade do ar entre 20% e 30% implicam estado de atenção; entre 12% e 20%, de alerta; abaixo de 12%, de emergência.
Segundo o pneumologista José Carlos Manço, a situação é "extremamente preocupante", e crianças e idosos devem tomar cuidados redobrados. Ele disse que é preciso aumentar a ingestão de líquidos e evitar a exposição a céu aberto.
A temperatura máxima ontem foi de 27C. Segundo a Defesa Civil, o fato de a máxima ter ficado abaixo dos 30C pode ter impedido que as pessoas sentissem mais os efeitos do ar seco. Na unidades de saúde, houve aumento de 50% no atendimento de casos de doenças respiratórias.
O tempo seco pode deixar garganta, olhos e nariz irritados, causar mal-estar, desidratação e sangramento no nariz.
O ar seco fez a dona-de-casa Maria Conceição da Silva, 48, que tem bronquite, ir duas vezes para a UBDS Central (Unidade Básica Distrital de Saúde) fazer inalação e tomar soro.
De acordo com o Cptec, a intensificação de uma massa de ar seco que está sobre o Estado é a responsável pela queda brusca na umidade do ar.
Segundo a Defesa Civil, não deve chover na região nos próximos dez dias, e a umidade do ar deve seguir abaixo dos 10%.
Meteorologistas de quatro institutos ouvidos pela Folha desconfiaram do número divulgado pelo Cptec.
O diretor do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a Agricultura, Jurandir Zullo Jr., diz que nunca viu números tão baixos. "Mas não conheço o sistema de medição para falar que está errado." Para o chefe de previsão do tempo do Instituto Nacional de Meteorologia, Luiz Cavalcante, deve ter ocorrido um erro. "Se a umidade estivesse em 5%, haveria filas nos hospitais." (FABRÍCIO FREIRE GOMES, MARCELO TOLEDO E MARIA FERNANDA RIBEIRO)


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