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Baixa umidade do ar faz Ribeirão Preto ter dia de deserto
Índice registrado no município foi de 4,8%, o menor já medido no país; prefeitura decreta estado de emergência
Não deve chover na cidade e na região nos próximos dez dias, o que deverá manter o clima seco no período, de acordo com a Defesa Civil
DA FOLHA RIBEIRÃO
A cidade de Ribeirão Preto
(314 km de SP) enfrentou ontem, às 16h, o índice de umidade relativa do ar mais baixo já
medido no país. Por causa do
índice, de 4,8%, a prefeitura decretou estado de emergência na
cidade -no deserto do Saara,
no norte da África, a umidade
ontem foi de 10%, segundo o site do Canal do Tempo.
A medição, feita pelo Cptec
(Centro de Previsão de Tempo
e Estudos Climáticos) e confirmada pela Defesa Civil estadual, ocorreu na estação meteorológica do aeroporto da cidade. Segundo o Cepag (Centro
de Ensino e Pesquisa em Agricultura da Unicamp), índices
de umidade do ar entre 20% e
30% implicam estado de atenção; entre 12% e 20%, de alerta;
abaixo de 12%, de emergência.
Segundo o pneumologista
José Carlos Manço, a situação é
"extremamente preocupante",
e crianças e idosos devem tomar cuidados redobrados. Ele
disse que é preciso aumentar a
ingestão de líquidos e evitar a
exposição a céu aberto.
A temperatura máxima ontem foi de 27C. Segundo a Defesa Civil, o fato de a máxima
ter ficado abaixo dos 30C pode
ter impedido que as pessoas
sentissem mais os efeitos do ar
seco. Na unidades de saúde,
houve aumento de 50% no
atendimento de casos de doenças respiratórias.
O tempo seco pode deixar
garganta, olhos e nariz irritados, causar mal-estar, desidratação e sangramento no nariz.
O ar seco fez a dona-de-casa
Maria Conceição da Silva, 48,
que tem bronquite, ir duas vezes para a UBDS Central (Unidade Básica Distrital de Saúde)
fazer inalação e tomar soro.
De acordo com o Cptec, a intensificação de uma massa de
ar seco que está sobre o Estado
é a responsável pela queda
brusca na umidade do ar.
Segundo a Defesa Civil, não
deve chover na região nos próximos dez dias, e a umidade do
ar deve seguir abaixo dos 10%.
Meteorologistas de quatro
institutos ouvidos pela Folha
desconfiaram do número divulgado pelo Cptec.
O diretor do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a Agricultura,
Jurandir Zullo Jr., diz que nunca viu números tão baixos.
"Mas não conheço o sistema de
medição para falar que está errado." Para o chefe de previsão
do tempo do Instituto Nacional de Meteorologia, Luiz Cavalcante, deve ter ocorrido um
erro. "Se a umidade estivesse
em 5%, haveria filas nos hospitais."
(FABRÍCIO FREIRE GOMES, MARCELO TOLEDO E MARIA FERNANDA RIBEIRO)
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