São Paulo, Sexta-feira, 22 de Outubro de 1999
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Favela tem população jovem


ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

A favela de Heliópolis tem moradores com perfil jovem -49% deles têm até 22 anos, segundo o IBGE.
A favela ocupa área de 1 milhão de m2 -quase o tamanho do parque Ibirapuera, na zona sudoeste de São Paulo.
Segundo a Secretaria Municipal da Habitação, a favela possui 9.000 barracos, onde moram 50 mil pessoas. Já a Unas (União dos Núcleos, Associações e Sociedades de Heliópolis e São João Clímaco) diz haver 80 mil pessoas morando na favela.
De acordo com a Unas, 40% da população de Heliópolis é analfabeta ou semi-analfabeta. A grande maioria (75%) vem do Nordeste do país.
A renda média dos moradores é de até três salários mínimos.
Segundo José Geraldo de Paula Pinto, coordenador de projeto de cooperação da Unas), a favela tem uma "classe média", formada pelos moradores que ocupam casas de alvenaria e apartamentos em conjuntos residenciais populares na região central da área.
"É como se esse espaço fosse um condomínio ou uma gleba, pois se destaca da região periférica da favela, mais degradada", disse Pinto. Nessa gleba morariam cerca de mil famílias, de um total de 17 mil maior risco.
As áreas de maior risco, principalmente de desmoronamentos em época de chuvas, seriam ocupadas por 3.000 famílias.
De acordo com Pinto, os aluguéis de casas de alvenaria na favela variam de R$ 250 a R$ 300. Já para comprar uma casa, o interessado tem de gastar entre R$ 10 mil (na área de risco) e R$ 30 mil (na área "nobre").
Segundo José Geraldo Pinto, pouco mais de um quinto das ruas não são asfaltadas -das 63 ruas, 12 não são pavimentadas. Apenas duas ruas não são iluminadas, e 90% delas possuem rede de esgoto.
Pinto disse que a maioria das casas é construída por meio de mutirões, chamados de "autoconstrução". "Só que ninguém tem escritura desses imóveis", afirmou o coordenador.
De acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública, no segundo semestre de 98, o distrito policial da região de Heliópolis registrou, em média, oito homicídios por mês.
De acordo com a Unas, a principal causa de morte na população masculina da favela é o homicídio.


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