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CRIME ORGANIZADO
Segundo a polícia, divisão na cúpula do PCC, entre favoráveis e contrários a atentados, teria motivado plano
Presa pretendia matar mulher de rival
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes de ser presa, Petronilha
Maria de Carvalho Felício, 51, de
acordo com a polícia, planejava a
morte de Aurinete Carlos Félix da
Silva, mulher de César Augusto
Roris da Silva, o Cesinha, fundador do PCC. As duas mulheres
aparecem no primeiro escalão do
organograma do PCC montado
pela polícia em junho deste ano.
O motivo seria uma divisão na
cúpula do PCC, entre favoráveis e
contrários aos atentados. Mulher
de José Márcio Felício, o Geleião,
Petronilha, que participou da organização das operações -de
acordo com a polícia-, reprovou
a ação de Aurinete, que trabalha
para evitar os atentados.
Desde a megarrebelião nos presídios, no ano passado, a cúpula
do PCC está dividida entre uma
ala radical -que defende atentados para desmoralizar o governo
e demonstrar força- e um grupo
mais moderado. Geleião e Cesinha eram da ala radical, o que pode representar uma divergência
em relação aos atentados também
nesse grupo.
As afirmações de Petronilha estão nas escutas telefônicas feitas
pela polícia e pelo Ministério Público. Ele teria dito, por telefone, a
Nilson Paula Alcântara dos Reis, o
Faísca, preso na penitenciária de
Iaras (282 km de São Paulo), que
Aurinete seria morta se tentasse,
mais uma vez, impedir a realização dos atentados. A ameaça também foi estendida a outra mulher,
também mulher de preso, amiga
de Aurinete.
Segundo o delegado Rui Ferraz
Fontes, do Deic, Petronilha não
chegou a dar ordem de morte para as duas mulheres, como ocorreu com dois traficantes presos na
Grande São Paulo.
José Nardi Filho e Ezequiel Fernando dos Santos seriam eliminados porque teriam tentado roubar droga de outro grupo de traficantes ligado ao PCC.
Também teria partido de Petronilha, segundo a polícia, a ordem
para o atentado contra uma base
comunitária da Polícia Militar em
Campinas, no último dia 8, que
provocou a morte do soldado Simão Pedro de Queiroz, 44.
Segundo o promotor Roberto
Porto, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), Petronilha era
apenas uma "leva-e-traz" -trabalhava na rede de informações
da facção- antes do isolamento
da cúpula do PCC no presídio de
segurança máxima de Presidente
Bernardes (589 km de São Paulo).
Mas, segundo os promotores, o
poder de Petronilha cresceu depois disso. Ela visitava Geleião todo final de semana e repassava as
ordens para o PCC. "Mas ela não
só repassava ordens. Ela também
dava ordens, tinha poder de decisão", disse Porto.
O que se ouve nas escutas, segundo os promotores, são ordens
para atentados e mortes. "Ela falava: quero uma festa [atentado]
por dia", disse Porto.
Indiciada por formação de quadrilha em junho, Petronilha respondia processo em liberdade.
Nas últimas semanas, no entanto,
segundo o Gaeco, ela estava alternando o local de residência.
Os grampos motivaram o pedido de prisão preventiva à 7ª Vara
Criminal de São Paulo, concedido
na última sexta. Mas a polícia só
conseguiu localizar Petronilha às
13h de anteontem, quando saía da
visita ao marido.
O advogado de Petronilha, Marcos Tomaz, disse ontem que não
teve acesso às gravações das escutas e que sua cliente só será ouvida
oficialmente hoje. Mas Tomaz
disse que ela negou participação
nos atentados. "Simplesmente reportaram a ela o que tinha sido
feito, por telefone. Não que ela tivesse mandado", afirmou.
(GILMAR PENTEADO)
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