São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2004

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BARBARA GANCIA

Fórmulas para boi dormir

Veja que interessantes alguns dos ensinamentos contidos no livro "Casos & Coisas", publicado pela Editora Globo, em 2002: "O povo se cansou de ataques. Repudia aqueles candidatos que, em vez de ocupar seu tempo de televisão para falar de si mesmo e de seus projetos, gastam todos os seus minutos agredindo adversários. Já se foi o tempo em que a tática da destruição funcionava. O povo não é bobo -bobo é quem pensa que ele é. É lógico que uma crítica aqui e ali ou uma denúncia, quando feitas em tom sério, sem sensacionalismo e com provas, podem funcionar. Mas acusações pessoais são perda de tempo. Gol contra (pág. 175)".
Segure firme, que vem mais blablablá: "A mulher candidata, por sua vez, tem que ter uma postura elegante, mas firme. Ficar o tempo todo alegando que é vítima de preconceito porque é mulher e coisas do gênero é admitir uma inferioridade que não existe na cabeça do eleitor (pág. 133)".
E ainda: "Reeleição é como vestibular. Para quem fez tudo direitinho, nos quatro anos de mandato, a aprovação é certa, quase automática. Agora, quem deixa tudo para a última hora, vai para o segundo turno e acaba se ferrando (pág. 183)."
Esses preceitos não passariam de generalizações sobre como conduzir uma corrida eleitoral, se o autor do livro não estivesse empenhado em uma campanha em que não aplicou, até agora, nenhuma das fórmulas que prega.
Quem é ele? Ora, ninguém menos do que o publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha do PT para reeleger a prefeita Marta Suplicy.
 
Recomendo fervorosamente ao nobre leitor que visite a exposição "Happyland Vol. 2", dos arquitetos Isay Weinfeld e Márcio Kogan, que está no Museu da Casa Brasileira até 14 de novembro. A mostra passa ao largo da arte de organizar espaços e se concentra na crítica à violência urbana. Não vou revelar o teor das bem-humoradas instalações para não estragar a surpresa. Digo apenas que saí de lá sem saber se ria, tremia de medo ou chorava.
 
Continuam debochando de Arnold Schwarzenegger em seu papel mais dramático, o de governador da Califórnia. Pois eu digo que, atualmente, não há político mais interessante nos EUA. O exterminador consegue aliar o rigor republicano nos gastos públicos a posições sociais e culturais geralmente defendidas pelos democratas mais liberais. É uma lufada de ar fresco em um cenário político cada vez mais polarizado.

QUALQUER NOTA

Casseta & Planeta
Para que Yara Baumgart "brinde o sucesso" de sua entrevista à "Veja", o empresário João Dória Jr. presenteou a dondoca com duas taças de cristal.

Espírito de porco
Gostaria de entender a lógica que move a malhação de Rubens Barrichello na semana que antecede cada edição do GP Brasil de F-1. Quem ganha com a enxurrada de críticas ao piloto tapuia com mais chances de vencer a corrida? Desta vez, conseguiram até inventar que ele teria se gabado de ser melhor do que Schumacher. E o pior é que, se ele vencer, dirão que foi o alemão que deixou.

E-mail - barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia


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