|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ADMINISTRAÇÃO
Justiça determina depósito judicial de valores de serviço de varrição; promotores do Estado apontam fraudes
Empresas de limpeza têm bens bloqueados
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça paulista determinou o
bloqueio dos bens de três das empresas responsáveis pelos serviços
de limpeza urbana na capital paulista: Cliba, Vega Engenharia Ambiental e Queiroz Galvão.
A ordem foi dada na última terça pela juíza Renata Okida, da 4ª
Vara da Fazenda Pública, e determina que passem a ser depositados judicialmente os valores dos
serviços de varrição que as três
empreiteiras seguem executando
para a Prefeitura de São Paulo.
A liminar é a primeira decisão
de Okida numa ação movida pelo
Ministério Público Estadual no
início do mês. Nela, as três empresas são apontadas como beneficiárias de um esquema de fraude
na fiscalização de varrição.
A raiz do esquema seria a alteração dos Boletins de Inspeção de
Serviços de Limpeza Urbana (Bislu), que são base para aplicação de
multas e liberação de pagamentos
e que atestavam a execução de
serviços não realizados.
As alterações, segundo documentos reunidos pelos promotores, seriam feitas por funcionários
do Limpurb (Departamento de
Limpeza Urbana) e das empresas.
No processo, há casos de boletins -registrados em cartório-
que atestavam a execução de serviços antes mesmo da data em
que deveriam ter sido realizados.
Juntos, os contratos assinados
com as empresas desde abril de
2002 já custaram aos cofres da
prefeitura R$ 467 milhões.
Há testemunhas que estimam
que as fraudes atinjam 30% desse
gasto, mas em maio de 2001,
quando as empresas já atuavam
na cidade, por outros contratos,
um estudo do Datafolha apontou
a não-execução de 64% dos serviços pagos pela prefeitura.
"Houve violação dos princípios
da legalidade e da moralidade",
diz o promotor Silvio Marques,
um dos que assinam a ação.
A ordem judicial determina o
bloqueio de R$ 124 milhões da
Cliba, R$ 218 milhões da Vega e
R$ 125 milhões da Queiroz Galvão
para eventual ressarcimento à
prefeitura no fim do julgamento.
Para a juíza, a medida se justifica pois há "fundados indícios de
responsabilidade". Com a multa
para improbidade administrativa, o ressarcimento passa de R$
1,4 bilhão. Os depósitos judiciais
pelos serviços prestados serão
avaliados trimestralmente, para
que a juíza libere o pagamento do
que comprovadamente foi feito.
Além das três empresas, são
réus na ação 11 funcionários e ex-funcionários públicos, que o Ministério Público quer afastados.
Marques e seus colegas também
solicitam que as empresas sejam
proibidas de contratar com o poder público, mas cabe recurso.
O promotor diz que a investigação não pára por aí. "O alvo agora
será o Limpurb e a Secretaria de
Serviços e Obras, pois os órgãos
autorizaram nova contratação
dessas empresas."
Fechado em abril de 2002, o
contrato de limpeza tinha validade de um ano e previa, se necessário, a prorrogação por mais um.
Em abril deste ano, como ainda
não havia sido concluída a nova
licitação, que acabou cancelada,
houve mais outra prorrogação de
seis meses. A prefeitura alegou
que o serviço é essencial.
Neste mês, pelo mesmo motivo,
a prefeitura prorrogou novamente o contrato, por seis meses, excluindo dele os serviços de coleta
de lixo, que passaram a ser realizados pelo sistema de concessão,
com contratos de 20 anos. Os promotores questionam a legalidade
das prorrogações.
Colaborou CONRADO CORSALETTE, da
Reportagem Local
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Outro lado: Queiroz Galvão diz ter sido isenta de responsabilidade Índice
|