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Avaliação clínica de idosas é pré-requisito para operação
Bom funcionamento do rim e do coração são essenciais para garantir segurança
Portadoras de doenças metabólicas, cardíacas ou renais devem optar por procedimentos menos invasivos, como a bioplastia
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma avaliação clínica geral,
com ênfase nos exames cardiovasculares, é a regra número
um no caso das cirurgias estéticas em idosas, afirmam os médicos. "Cirurgia plástica é como
qualquer outra. Vai ter uma
anestesia, fármaco entrando no
organismo. Tem que ter um
bom coração e um bom rim
funcionando para se ter o mínimo de segurança", diz a cirurgiã
Vera Cardim.
O cirurgião plástico Ewaldo
Bolivar lembra que a anestesia
local também é tóxica. "Tem
que saber até quanto pode usar.
A pessoa hipertensa, por exemplo, pode ter crise hipertensiva
mesmo com anestesia local. Eu
não faço nada sem um anestesista por perto. Mesmo os procedimentos simples."
Segundo o cirurgião plástico
Gustavo Duarte, do hospital Sírio Libanês, como o organismo
nessa fase da vida é mais frágil,
os idosos desidratam mais facilmente e são mais sensíveis às
mudanças de temperatura.
"Os idosos não reagem muito
ao frio. Eles entram em hipotermia, situação muito nociva
durante e após a cirurgia, e só
depois é que sentem frio. Também não suportam perda sangüínea. É preciso saber se o paciente tem reserva [imunológica] para uma cirurgia."
Mas ele pondera: "Tem que
ver as idades biológica e cronológica. O paciente pode ter 80
anos e ter uma idade biológica
inferior porque o estado geral
de saúde é bom".
Elasticidade
Com o passar do tempo, a estrutura cutânea também se
modifica. As células ficam escassas e as fibras de colágeno
diminuem. A conseqüência disso são tecidos mais finos. "Os
tecidos têm uma resistência
menor, a pele quase não tem
elasticidade. Há respostas inesperadas na cicatrização", explica Cardim.
Além da avaliação clínica, a
cirurgiã exige que os pacientes
acima de 70 anos tenham permissão da família para fazer a
cirurgia e acompanhamento
durante todo o processo.
Portadoras de doenças cardíacas, renais ou metabólicas
são aconselhadas a optar por
procedimentos menos invasivos, como a bioplastia (injeção
de polimetilmetacrilato sob a
pele para preenchimento de
rugas e depressões).
Munir Cury diz que prefere
utilizar técnicas não-invasivas
nas mulheres acima de 80 anos,
especialmente porque algumas
apresentam riscos cardiovasculares. "Hoje a plástica está
tão avançada que a gente tem
técnicas de preenchimento, de
suspensão da pele por fios, bioplastia, que podem ser feitas
com muita segurança."
Apesar dos cuidados adicionais e do aumento dos riscos, os
cirurgiões dizem que a satisfação dos idosos antes e depois
dos procedimentos é proporcional à de pessoas de idades
mais jovens. "A auto-estima se
eleva e eles se sentem mais seguros e motivados a sair, comprar roupas, namorar. Outro
dia mesmo, uma cliente de 80
anos disse, feliz da vida, que estava namorando", diz Duarte.
Segundo ele, muitas das idosas que recorrem às plásticas
perto dos 80 anos são mulheres
que já fizeram outras intervenções quando eram mais jovens.
"A face, por exemplo, depois de
dez anos, volta a ser o que era.
Normalmente, a mulher faz
[uma cirurgia plástica de face] e
volta a fazer outra depois."
(CLÁUDIA COLLUCCI)
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