São Paulo, domingo, 22 de outubro de 2006

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Avaliação clínica de idosas é pré-requisito para operação

Bom funcionamento do rim e do coração são essenciais para garantir segurança

Portadoras de doenças metabólicas, cardíacas ou renais devem optar por procedimentos menos invasivos, como a bioplastia

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma avaliação clínica geral, com ênfase nos exames cardiovasculares, é a regra número um no caso das cirurgias estéticas em idosas, afirmam os médicos. "Cirurgia plástica é como qualquer outra. Vai ter uma anestesia, fármaco entrando no organismo. Tem que ter um bom coração e um bom rim funcionando para se ter o mínimo de segurança", diz a cirurgiã Vera Cardim.
O cirurgião plástico Ewaldo Bolivar lembra que a anestesia local também é tóxica. "Tem que saber até quanto pode usar. A pessoa hipertensa, por exemplo, pode ter crise hipertensiva mesmo com anestesia local. Eu não faço nada sem um anestesista por perto. Mesmo os procedimentos simples."
Segundo o cirurgião plástico Gustavo Duarte, do hospital Sírio Libanês, como o organismo nessa fase da vida é mais frágil, os idosos desidratam mais facilmente e são mais sensíveis às mudanças de temperatura.
"Os idosos não reagem muito ao frio. Eles entram em hipotermia, situação muito nociva durante e após a cirurgia, e só depois é que sentem frio. Também não suportam perda sangüínea. É preciso saber se o paciente tem reserva [imunológica] para uma cirurgia."
Mas ele pondera: "Tem que ver as idades biológica e cronológica. O paciente pode ter 80 anos e ter uma idade biológica inferior porque o estado geral de saúde é bom".

Elasticidade
Com o passar do tempo, a estrutura cutânea também se modifica. As células ficam escassas e as fibras de colágeno diminuem. A conseqüência disso são tecidos mais finos. "Os tecidos têm uma resistência menor, a pele quase não tem elasticidade. Há respostas inesperadas na cicatrização", explica Cardim.
Além da avaliação clínica, a cirurgiã exige que os pacientes acima de 70 anos tenham permissão da família para fazer a cirurgia e acompanhamento durante todo o processo.
Portadoras de doenças cardíacas, renais ou metabólicas são aconselhadas a optar por procedimentos menos invasivos, como a bioplastia (injeção de polimetilmetacrilato sob a pele para preenchimento de rugas e depressões).
Munir Cury diz que prefere utilizar técnicas não-invasivas nas mulheres acima de 80 anos, especialmente porque algumas apresentam riscos cardiovasculares. "Hoje a plástica está tão avançada que a gente tem técnicas de preenchimento, de suspensão da pele por fios, bioplastia, que podem ser feitas com muita segurança."
Apesar dos cuidados adicionais e do aumento dos riscos, os cirurgiões dizem que a satisfação dos idosos antes e depois dos procedimentos é proporcional à de pessoas de idades mais jovens. "A auto-estima se eleva e eles se sentem mais seguros e motivados a sair, comprar roupas, namorar. Outro dia mesmo, uma cliente de 80 anos disse, feliz da vida, que estava namorando", diz Duarte.
Segundo ele, muitas das idosas que recorrem às plásticas perto dos 80 anos são mulheres que já fizeram outras intervenções quando eram mais jovens. "A face, por exemplo, depois de dez anos, volta a ser o que era. Normalmente, a mulher faz [uma cirurgia plástica de face] e volta a fazer outra depois."
(CLÁUDIA COLLUCCI)


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