São Paulo, domingo, 22 de outubro de 2006

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"Qualquer preso tem telefone, liga e pratica extorsão", afirma policial

DA SUCURSAL DO RIO

Como os bandidos escolhem suas vítimas? Segundo o diretor da Divisão de Repressão a Seqüestros da Polícia Civil do Distrito Federal, Manoel Santos Ferraz, a escolha é aleatória. ""Virou bandalha. Qualquer preso tem acesso a telefone, liga e pratica extorsão. Falam não só de dentro das celas, mas do pátio onde tomam sol", afirma Ferraz, referindo-se aos presídios fluminenses.
Segundo o diretor, a proliferação dos golpes decorre não só da falta de bloqueadores de sinais de celulares nos presídios, mas da incompetência do Estado e da falta de moral das equipes de segurança.""Quando o Estado não consegue impedir que indivíduos sob sua custódia cometam crimes contra os que estão do lado de fora, é o fundo do poço", afirma.
Policiais de vários Estados ouvidos pela Folha confirmam que os presos usam celulares roubados ou clonados para aplicar os golpes. As contas bancárias que eles indicam para o depósito de dinheiro são abertas em nome de pessoas ligadas aos presidiários.
O delegado Ronaldo Marcelo Prado, do Piauí, teve o celular clonado e usado por presos do Rio. Ele diz que a empresa telefônica só lhe informou sobre a clonagem depois de 20 dias e que famílias de vários Estados o localizaram (pelo número do celular) dizendo que tinham sido vítimas do golpe.
Ele critica as telefônicas por só informarem a localização dos celulares mediante ordem judicial. Ainda assim, diz ele, só indicam a localização da estação de rádio base mais próxima -no caso, era a de Bangu.
Os presos exigem cartões de recarga de crédito para telefones celulares pré-pagos para alimentarem as novas ligações e para se comunicar com comparsas de fora dos presídios. As vítimas têm de raspar o cartão e ler o código para os presos.
Segundo o chefe do Departamento de Operações Especiais da Polícia Civil de Minas Gerais, delegado Edson Moreira, cerca de 5% das vítimas que procuram a polícia pagam parte do dinheiro exigido. Mas entre 20% e 30% dos que pagam não procuram a polícia.


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