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"Qualquer preso tem telefone, liga e pratica extorsão", afirma policial
DA SUCURSAL DO RIO
Como os bandidos escolhem
suas vítimas? Segundo o diretor da Divisão de Repressão a
Seqüestros da Polícia Civil do
Distrito Federal, Manoel Santos Ferraz, a escolha é aleatória.
""Virou bandalha. Qualquer
preso tem acesso a telefone, liga e pratica extorsão. Falam
não só de dentro das celas, mas
do pátio onde tomam sol", afirma Ferraz, referindo-se aos
presídios fluminenses.
Segundo o diretor, a proliferação dos golpes decorre não só
da falta de bloqueadores de sinais de celulares nos presídios,
mas da incompetência do Estado e da falta de moral das equipes de segurança.""Quando o
Estado não consegue impedir
que indivíduos sob sua custódia
cometam crimes contra os que
estão do lado de fora, é o fundo
do poço", afirma.
Policiais de vários Estados
ouvidos pela Folha confirmam
que os presos usam celulares
roubados ou clonados para
aplicar os golpes. As contas
bancárias que eles indicam para o depósito de dinheiro são
abertas em nome de pessoas ligadas aos presidiários.
O delegado Ronaldo Marcelo
Prado, do Piauí, teve o celular
clonado e usado por presos do
Rio. Ele diz que a empresa telefônica só lhe informou sobre a
clonagem depois de 20 dias e
que famílias de vários Estados
o localizaram (pelo número do
celular) dizendo que tinham sido vítimas do golpe.
Ele critica as telefônicas por
só informarem a localização
dos celulares mediante ordem
judicial. Ainda assim, diz ele, só
indicam a localização da estação de rádio base mais próxima
-no caso, era a de Bangu.
Os presos exigem cartões de
recarga de crédito para telefones celulares pré-pagos para
alimentarem as novas ligações
e para se comunicar com comparsas de fora dos presídios. As
vítimas têm de raspar o cartão
e ler o código para os presos.
Segundo o chefe do Departamento de Operações Especiais
da Polícia Civil de Minas Gerais, delegado Edson Moreira,
cerca de 5% das vítimas que
procuram a polícia pagam parte do dinheiro exigido. Mas entre 20% e 30% dos que pagam
não procuram a polícia.
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