São Paulo, domingo, 22 de outubro de 2006

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Novas técnicas põem fim ao estigma do câncer de mama

Tratamentos modernos reduziram significativamente mortalidade causada pela doença

O câncer de mama não apenas mata menos como também exige, com freqüência cada vez menor, a retirada da mama

ROSANA FARIA DE FREITAS
DA REVISTA DA FOLHA

Há cinco anos, descobrir um câncer no seio era algo devastador e traumático para a maioria das mulheres. A simples menção do termo já levava à idéia de mutilação, perda, morte. Felizmente o panorama está mudando -e rapidamente. "A mortalidade provocada pela doença reduziu de maneira significativa em vários países desenvolvidos. Hoje não há por que sustentar o velho estigma de que o mal é sinônimo de morte", diz Sílvio Bromberg, mastologista do Departamento de Oncologia do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Essa "nuvem negra" que incidia sobre a doença vem se afastando por vários motivos, o mais importante deles diz respeito aos avanços nos tratamentos. O câncer de mama não apenas mata menos como também exige, com freqüência cada vez menor, a retirada da mama. Hoje é possível se submeter a métodos mais conservadores, que preservam a estética, especialmente quando o diagnóstico é feito precocemente. Sim, isso é fundamental: realizar o auto-exame regularmente (uma vez por mês, de sete a dez dias após a menstruação) para identificar qualquer alteração o mais rápido possível. "Há nódulos que não são apalpáveis com um simples toque e, por isso, é necessário também se consultar anualmente com um ginecologista", diz Bromberg.
Caso a pessoa não perceba o nódulo, há vários outros testes, feitos em laboratório, que detectam alterações. Mamografias (digitais ou não), ultra-sons e ressonância magnética fazem parte do cardápio.

Tratamentos avançados
As intervenções atuais para retirada do tumor associam técnicas de cirurgia plástica a conceitos oncológicos, com resultados satisfatórios e grandes chances de preservação do seio. A mais simples delas se chama segmentectomia e é indicada quando o câncer é pequeno. Para removê-lo, o médico sacrifica menos de um quadrante da mama, depois reconstruída com parte do músculo retirada do abdômen ou das costas. Quando o câncer é um pouco maior, o cirurgião realiza a mastectomia parcial, extraindo cerca de um quadrante da mama, exatamente onde está o tumor. Aí há duas alternativas: plástica com retalho de tecido da própria pessoa ou a colocação de uma prótese. Quando a opção é pela prótese, a paciente não sai da sala com a dita cuja, e sim com um expansor, recipiente de borracha com receptáculo que permite ao médico, durante vários dias ao longo de dois ou três meses, injetar ar para provocar a expansão da pele -a idéia é "cavar" um espaço para o novo peito.
E quando a mama tem que ser retirada -mastectomia total? As técnicas que permitem reconstruí-la adequadamente são as mesmas -a que utiliza retalhos miocutâneos e a que introduz a prótese. No primeiro caso o cirurgião lapida um novo bico e uma nova auréola com tecido da coxa. Já em relação à prótese é fundamental consultar um mastologista para discutir as vantagens e desvantagens que a inserção pode causar. Desvantagens principalmente para mulheres classificadas como de "alto risco" para desenvolver novamente o mal, especificamente as que têm histórico familiar de câncer de mama ou no ovário. "A prótese, dependendo do tipo, perfil, volume e local em que é inserida, pode atrapalhar o diagnóstico", diz Bromberg.


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