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Novas técnicas põem fim ao estigma do câncer de mama
Tratamentos modernos reduziram significativamente mortalidade causada pela doença
O câncer de mama não apenas mata menos como também exige, com freqüência cada vez menor, a retirada da mama
ROSANA FARIA DE FREITAS
DA REVISTA DA FOLHA
Há cinco anos, descobrir um
câncer no seio era algo devastador e traumático para a maioria
das mulheres. A simples menção do termo já levava à idéia de
mutilação, perda, morte. Felizmente o panorama está mudando -e rapidamente. "A
mortalidade provocada pela
doença reduziu de maneira significativa em vários países desenvolvidos. Hoje não há por
que sustentar o velho estigma
de que o mal é sinônimo de
morte", diz Sílvio Bromberg,
mastologista do Departamento
de Oncologia do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Essa "nuvem negra" que incidia sobre a doença vem se afastando por vários motivos, o
mais importante deles diz respeito aos avanços nos tratamentos. O câncer de mama não
apenas mata menos como também exige, com freqüência cada vez menor, a retirada da mama. Hoje é possível se submeter a métodos mais conservadores, que preservam a estética, especialmente quando o
diagnóstico é feito precocemente. Sim, isso é fundamental: realizar o auto-exame regularmente (uma vez por mês, de
sete a dez dias após a menstruação) para identificar qualquer
alteração o mais rápido possível. "Há nódulos que não são
apalpáveis com um simples toque e, por isso, é necessário
também se consultar anualmente com um ginecologista",
diz Bromberg.
Caso a pessoa não perceba o
nódulo, há vários outros testes,
feitos em laboratório, que detectam alterações. Mamografias (digitais ou não), ultra-sons
e ressonância magnética fazem
parte do cardápio.
Tratamentos avançados
As intervenções atuais para
retirada do tumor associam
técnicas de cirurgia plástica a
conceitos oncológicos, com resultados satisfatórios e grandes
chances de preservação do seio.
A mais simples delas se chama
segmentectomia e é indicada
quando o câncer é pequeno. Para removê-lo, o médico sacrifica menos de um quadrante da
mama, depois reconstruída
com parte do músculo retirada
do abdômen ou das costas.
Quando o câncer é um pouco
maior, o cirurgião realiza a
mastectomia parcial, extraindo
cerca de um quadrante da mama, exatamente onde está o tumor. Aí há duas alternativas:
plástica com retalho de tecido
da própria pessoa ou a colocação de uma prótese. Quando a
opção é pela prótese, a paciente
não sai da sala com a dita cuja, e
sim com um expansor, recipiente de borracha com receptáculo que permite ao médico,
durante vários dias ao longo de
dois ou três meses, injetar ar
para provocar a expansão da
pele -a idéia é "cavar" um espaço para o novo peito.
E quando a mama tem que
ser retirada -mastectomia total? As técnicas que permitem
reconstruí-la adequadamente
são as mesmas -a que utiliza
retalhos miocutâneos e a que
introduz a prótese. No primeiro caso o cirurgião lapida um
novo bico e uma nova auréola
com tecido da coxa. Já em relação à prótese é fundamental
consultar um mastologista para discutir as vantagens e desvantagens que a inserção pode
causar. Desvantagens principalmente para mulheres classificadas como de "alto risco" para desenvolver novamente o
mal, especificamente as que
têm histórico familiar de câncer de mama ou no ovário. "A
prótese, dependendo do tipo,
perfil, volume e local em que é
inserida, pode atrapalhar o
diagnóstico", diz Bromberg.
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