São Paulo, sábado, 22 de outubro de 2011 |
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JOANA D'ARC VIEIRA NETO (1946-2011) A médica e a resistência à ditadura ESTÊVÃO BERTONI DE SÃO PAULO De dia, médica; de noite, apoiadora da resistência à ditadura. Durante o regime militar, a goiana de Piracanjuba Joana d'Arc Vieira Neto dividiu-se entre duas funções. Filha de um açougueiro comunista que sempre incentivou os filhos a seguir a vida política, ela se mudou para Goiânia aos 15, para estudar. Formou-se em medicina em Goiás, especializou-se no Rio e trabalhou como médica sanitarista em São Paulo. Como dois irmãos seus entraram para a clandestinidade, tornou-se o ponto de apoio deles. Mandava dinheiro e ajudava na comunicação entre os grupos de esquerda. Nesse ambiente, conheceu o marido, Carlos Manoel Pestana de Magalhães, membro do PC do B com quem ficou casada por oito anos e teve dois filhos, que criou sozinha. Baixinha, magrinha, mas corajosa, nunca titubeou em suas decisões. Apesar de ter sido vigiada, não foi presa, ao contrário dos irmãos. Ajudou-os mesmo após se exilarem. Em 1978, elegeu-se para a diretoria do sindicato dos médicos, mas teve a posse vetada por sua atuação política. Foi também impedida de assumir um cargo no INSS. Na redemocratização, ajudou a criar o Comitê Brasileiro de Anistia. Gostava de dizer que a movimentação começou em seu apartamento. Mudou-se para Campinas, onde trabalhou na fundação do PT. Mais tarde, desiludida, desligou-se do partido. Aposentou-se no ano passado e voltou a Goiânia, onde fundou o Comitê Goiano pela Verdade. Fã do escritor austríaco Thomas Bernhard, passava o tempo livre lendo. Morreu no domingo, aos 64, de problemas cardíacos. coluna.obituario@uol.com.br Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Enem começa hoje para 5,4 milhões de estudantes Índice | Comunicar Erros |
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