São Paulo, quinta, 22 de outubro de 1998

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SEGURANÇA
Algemado a companheiro, condenado por estupro invade casa comercial, ameaça suicídio e se rende após 3 horas
Preso foge, mata policial e faz 5 reféns em SP

MALU GASPAR
da Reportagem Local

Dois presos de uma delegacia de São Paulo escaparam ontem de um carro da polícia, invadiram uma casa e fizeram cinco reféns. Na fuga, um dos detentos atirou nos dois policiais da escolta -um morreu na hora e o outro foi levado ao hospital. Após mais de três horas com os reféns, os presos se renderam.
Por volta das 12h, Paulo Mendes das Neves, 20, e Mauro Borges da Silva, 36, presos por estupro e atentado violento ao pudor, eram levados de volta à delegacia depois de atendidos em pronto-socorro.
Do banco de trás de um Santana da Polícia Civil, Neves conseguiu tomar a arma que estava entre as pernas do investigador William Teixeira, 31, que dirigia o carro.
Em seguida, atirou na cabeça dos policiais e fugiu, levando Borges algemado a ele.
O investigador Mauro Gomes, 42, que estava no banco do carona, morreu na hora. Seu colega foi operado no Hospital das Clínicas e, até o fechamento desta edição, estava na UTI em estado grave.
Após os tiros, os presos entraram em uma casa da Associação Comercial de São Paulo, na rua Simão Álvares, em Pinheiros (zona sudoeste). Três mulheres e dois homens, entre eles o auxiliar administrativo Giovano Oliveira Guimarães, 26, ficaram fechados numa sala com os dois.
"Ele (Neves) disse que estava arrependido de atirar no policial. Mas nós começamos a ficar com medo depois que ele ameaçou se matar", diz Guimarães.
O refém conta que Neves estava muito nervoso, dizendo que morreria se voltasse à prisão. Foi convencido a não se matar pelos reféns e pelo companheiro de ação.
Durante a negociação com a polícia, que durou cerca de uma hora e meia, reféns foram sendo libertados. Os fugitivos chegaram a pedir um carro e chave para as algemas, mas não foram atendidos.
A negociação só avançou depois que o segurança Osias Hermes das Neves, 47, pai do preso, chegou ao local, a pedido do filho. Ele convenceu o filho a se entregar.
"O Paulo (Neves) chorava muito. Percebi que estava menos resistente e que poderia se render", disse o delegado Carlos Eduardo Duarte de carvalho, 31, delegado do Grupo Especial de Resgate, que chefiou a negociação -feita pela janela da casa.
Depois da libertação de quatro reféns, Neves concordou em se render. A única garantia dada aos presos foi que não haveria represálias nem seriam machucados.
Neves e Borges voltaram ao 14º DP e foram autuados em flagrante por uma tentativa e um homicídio consumado.



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