São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 2002

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SAÚDE

Aumento da violência tira espaço de intervenção estética

Plástica reparadora já tem fila de espera nos grandes hospitais

DO ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

Há cada vez mais cirurgiões plásticos "consertando" corpos "quebrados" pela violência do que reparando pequenos defeitos estéticos, e a demanda é muito maior que a oferta. No Hospital das Clínicas de São Paulo, a espera por uma cirurgia plástica reparadora passa de dois anos.
Vítimas de acidentes de trânsito predominam -60% dos casos no grupo de urgências de cirurgia plástica do HC. Mas as agressões pessoais e a gravidade delas "vêm aumentando muito", diz o cirurgião Dov Charles Goldenberg, responsável pelo grupo do HC.
"São mais de 30% dos casos, muitos de vítimas de pauladas e socos múltiplos que destroem o rosto", diz. Cresce também o paciente que se fere em esportes radicais, jet-ski e lutas marciais.
O aumento da cirurgia reparadora, que hoje se iguala em número ao de estéticas, foi citado ontem no 39º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica, em Salvador.
No Hospital dos Defeitos da Face, de São Paulo, traumas por acidente de carro caíram mais de 60% nos últimos 20 anos, graças ao cinto de segurança. "Os traumas por agressões físicas hoje representam quase metade dos casos", diz Walmor Feijó, diretor clínico do hospital.
Nos grandes hospitais de urgência, cirurgiões plásticos são chamados em casos graves para agir junto do cirurgião-geral. Quem teve o assoalho do olho afundado por um soco e não foi tratado, por exemplo, vai esperar pelo menos dois anos se entrar na fila.
Há também uma demanda silenciosa, maior nos casos reparadores congênitos, como lábio leporino. "Ninguém sabe quantos eles são porque eles nem sequer chegam às consultas e hospitais", diz Walter Pinto, titular de cirurgia plástica da Unisa (Universidade de Santo Amaro).
(AB)


O jornalista Aureliano Biancarelli viajou a convite da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

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