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SAÚDE
Aumento da violência tira espaço de intervenção estética
Plástica reparadora já tem fila de espera nos grandes hospitais
DO ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR
Há cada vez mais cirurgiões
plásticos "consertando" corpos
"quebrados" pela violência do
que reparando pequenos defeitos
estéticos, e a demanda é muito
maior que a oferta. No Hospital
das Clínicas de São Paulo, a espera por uma cirurgia plástica reparadora passa de dois anos.
Vítimas de acidentes de trânsito
predominam -60% dos casos no
grupo de urgências de cirurgia
plástica do HC. Mas as agressões
pessoais e a gravidade delas "vêm
aumentando muito", diz o cirurgião Dov Charles Goldenberg,
responsável pelo grupo do HC.
"São mais de 30% dos casos,
muitos de vítimas de pauladas e
socos múltiplos que destroem o
rosto", diz. Cresce também o paciente que se fere em esportes radicais, jet-ski e lutas marciais.
O aumento da cirurgia reparadora, que hoje se iguala em número ao de estéticas, foi citado ontem no 39º Congresso Brasileiro
de Cirurgia Plástica, em Salvador.
No Hospital dos Defeitos da Face, de São Paulo, traumas por acidente de carro caíram mais de
60% nos últimos 20 anos, graças
ao cinto de segurança. "Os traumas por agressões físicas hoje representam quase metade dos casos", diz Walmor Feijó, diretor
clínico do hospital.
Nos grandes hospitais de urgência, cirurgiões plásticos são chamados em casos graves para agir
junto do cirurgião-geral. Quem
teve o assoalho do olho afundado
por um soco e não foi tratado, por
exemplo, vai esperar pelo menos
dois anos se entrar na fila.
Há também uma demanda silenciosa, maior nos casos reparadores congênitos, como lábio leporino. "Ninguém sabe quantos
eles são porque eles nem sequer
chegam às consultas e hospitais",
diz Walter Pinto, titular de cirurgia plástica da Unisa (Universidade de Santo Amaro).
(AB)
O jornalista Aureliano Biancarelli viajou
a convite da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
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