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CIDADANIA
Pesquisa mostra que cai o número dos que dizem ter preconceito, mas, na prática, 74% manifestam algum tipo de posição racista
Menos brasileiros revelam preconceito racial
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
Os brasileiros estão menos preconceituosos. Ou, pelo menos, assim se consideram: 96% dizem
não ter preconceito racial. Em
1995, esse índice era de 88%.
Mas, apesar do discurso, 74%
manifestam algum tipo de posição racista quando confrontados
com a possibilidade de ter um
chefe negro ou aceitar um casamento inter-racial, por exemplo
(em 1995, a taxa foi 87%).
Esses resultados da pesquisa
"Discriminação Racial e Preconceito de Cor no Brasil" -realizada pela Fundação Perseu Abramo, em parceria com a fundação
alemã Rosa Luxemburg Stiftung- mostram que os brasileiros ainda têm uma boa distância a
percorrer entre discurso e prática
no que se refere à igualdade racial.
Foram entrevistadas 5.003 pessoas, com mais de 16 anos. A metodologia é a mesma de estudo do
Datafolha de 1995 para comparação de dados.
Para o pesquisador responsável,
Gustavo Venturi, a redução dos
que se dizem preconceituosos pode ser associada a quatros fatores.
Um deles é a mudança da forma
como os negros são retratados pela mídia. Segundo Venturi, embora ainda sejam geralmente escalados para papéis subalternos nas
novelas, algumas já mostram personagens negros de classe média.
A descoberta do potencial aquisitivo da população negra também alterou o mercado, que passou a desenvolver produtos -como revistas e cosméticos- específicos para esse segmento, e teve
repercussão na publicidade.
Outro fator apontado foi a proibição, pelo Ministério da Educação, de conteúdos preconceituosos em relação a negros, índios e
mulheres nos livros didáticos.
Alinhavando esses três fatores,
Venturi identifica a mão do movimento negro organizado.
"A atuação de inúmeras entidades pelo direito dos negros marcou os anos 90. Não é à toa que o
[presidente] Lula nomeou o primeiro ministro negro do Supremo Tribunal Federal [Joaquim
Benedito Barbosa Gomes]."
A ação desses movimentos ajudou os afrodescendentes a resgatarem o orgulho de sua negritude.
Entre 1995 e 2003, os que se autodenominam "brancos" continuam em torno de 40%. Porém,
entre os que se dizem "morenos"
houve uma queda de 43% para
32%. Os "pretos" ou "negros"
passaram de 7% para 12%.
Saiba mais no site www.fpabramo.org.br
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