São Paulo, domingo, 22 de novembro de 2009

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Celso Pitta, ex-prefeito de SP, morre aos 63

Aproximadamente 30 pessoas, entre familiares, amigos e curiosos, compareceram ao enterro na tarde de ontem

Ele fazia tratamento contra câncer desde janeiro; sua gestão municipal, entre 1997 e 2000, foi marcada por escândalos

DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo entre 1997 e 2000, Celso Roberto Pitta do Nascimento, morreu às 23h50 de anteontem, aos 63 anos, vítima de câncer disseminado no intestino.
Pouco mais de cem pessoas assinaram a lista de comparecimento ao velório de Pitta, que começou às 13h, na Assembleia Legislativa de São Paulo .
Por volta das 17h30, o corpo do prefeito foi enterrado no cemitério Getsêmani (zona sul de São Paulo), na presença de aproximadamente 30 pessoas -familiares, amigos e curiosos- sob a chuva que atingiu ontem a capital. Nenhum político de expressão esteve presente nas cerimônias.
Pitta iniciou o tratamento em janeiro, quando passou por cirurgia para retirada do tumor. Desde o dia 3, estava internado no Hospital Sírio-Libanês e, na terça, passou por mais uma operação.
Pitta se notabilizou na política ao vencer a ex-prefeita Luiza Erundina, à época no PT, no segundo turno das eleições municipais de 1996. Ele era o candidato do então prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PP). Com a vitória, tornou-se o primeiro prefeito negro, eleito pelo voto direto, a comandar a principal metrópole do país.
Até então, formado em economia, sua carreira fora marcada pela atuação nas empresas da família Maluf, o que o levou a ser o secretário de Finanças do ex-prefeito, que deixava a administração paulistana com altos índices de aprovação.
"Se o Pitta não for um bom prefeito, nunca mais votem em mim", disse Maluf em peça de TV da campanha eleitoral de 1996, coordenada pelo marqueteiro Duda Mendonça.
À frente da capital, no entanto, a biografia de Pitta ficaria marcada por escândalos de corrupção. Entre os que o acusaram, estava a ex-mulher, Nicéa. Pitta, nascido no Rio de Janeiro, chegou a ficar afastado do cargo por 18 dias. Em 2001, ele deixou a prefeitura com 13 processos na Justiça e sofreu outros fora do cargo. Alguns deles continuarão em curso, por envolverem outros acusados.
Entre os escândalos marcantes, as denúncias por desvio de finalidade de precatórios (títulos de dívidas judiciais) e o caso que ficou conhecido como "máfia dos fiscais".
Ao final do mandato, sua gestão registrava uma rejeição recorde do eleitorado, 81% a desaprovavam, segundo o Datafolha, com base na série histórica iniciada na gestão de Jânio Quadros (1986-1988).
Afora os problemas com a Justiça, Pitta perdeu toda sua base política e, consequentemente, a governabilidade após rompimento com Paulo Maluf.
Em 2002, foi candidato a deputado federal pelo PSL, sem sucesso. Quatro anos depois, já no PTB, tentou novamente, mas obteve uma votação pífia.
Conhecido pelo estilo sereno ao lidar com desafetos, reagiu com socos quando foi chamado de "ladrão" por um desconhecido em uma padaria na Vila Nova Conceição, em São Paulo.
Em julho de 2008, Pitta foi preso pela Polícia Federal durante as investigações da Operação Satiagraha. Em abril deste ano, foi condenado à prisão por não pagar pensão alimentícia a Nicéa. Uma liminar lhe garantiu cumprir prisão domiciliar, para se tratar do câncer.
Ontem, em seu velório, o investidor Naji Nahas, também detido na mesma operação, esteve presente.
Maluf enviou apenas um telegrama à família. Nicéa não compareceu aos funerais, e os dois filhos do prefeito, Victor e Roberta (do casamento com Nicéa), chegaram à Assembleia por volta das 15h40, poucos minutos antes de o caixão ser fechado.
A mãe de Pitta, Zuleica, 89, permaneceu ao lado do corpo do filho durante todo o velório, sempre amparada por familiares e pela ex-modelo Rony Golabeck, com quem Pitta estava casado. "Ainda vou escrever a verdadeira história dele", disse a atual mulher, Rony.
"Durante o período em que ele esteve na prefeitura, nunca teve apoio político", disse Fausto Camunha, ex-secretário de Esportes de Pitta, um dos poucos a ocupar cargo no primeiro escalão da sua administração que esteve na Assembleia.
Pitta era formado em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com mestrados nas universidades de Leeds (Inglaterra) e Harvard (EUA).


Colaborou a FOLHA ONLINE

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