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Celso Pitta, ex-prefeito de SP, morre aos 63
Aproximadamente 30 pessoas, entre familiares, amigos e curiosos, compareceram ao enterro na tarde de ontem
Ele fazia tratamento
contra câncer desde janeiro; sua gestão municipal,
entre 1997 e 2000, foi marcada por escândalos
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito de São Paulo entre
1997 e 2000, Celso Roberto Pitta do Nascimento, morreu às
23h50 de anteontem, aos 63
anos, vítima de câncer disseminado no intestino.
Pouco mais de cem pessoas
assinaram a lista de comparecimento ao velório de Pitta, que
começou às 13h, na Assembleia
Legislativa de São Paulo .
Por volta das 17h30, o corpo
do prefeito foi enterrado no cemitério Getsêmani (zona sul de
São Paulo), na presença de
aproximadamente 30 pessoas
-familiares, amigos e curiosos- sob a chuva que atingiu
ontem a capital. Nenhum político de expressão esteve presente nas cerimônias.
Pitta iniciou o tratamento
em janeiro, quando passou por
cirurgia para retirada do tumor. Desde o dia 3, estava internado no Hospital Sírio-Libanês e, na terça, passou por
mais uma operação.
Pitta se notabilizou na política ao vencer a ex-prefeita Luiza
Erundina, à época no PT, no segundo turno das eleições municipais de 1996. Ele era o candidato do então prefeito de São
Paulo, Paulo Maluf (PP). Com a
vitória, tornou-se o primeiro
prefeito negro, eleito pelo voto
direto, a comandar a principal
metrópole do país.
Até então, formado em economia, sua carreira fora marcada pela atuação nas empresas
da família Maluf, o que o levou
a ser o secretário de Finanças
do ex-prefeito, que deixava a
administração paulistana com
altos índices de aprovação.
"Se o Pitta não for um bom
prefeito, nunca mais votem em
mim", disse Maluf em peça de
TV da campanha eleitoral de
1996, coordenada pelo marqueteiro Duda Mendonça.
À frente da capital, no entanto, a biografia de Pitta ficaria
marcada por escândalos de corrupção. Entre os que o acusaram, estava a ex-mulher, Nicéa.
Pitta, nascido no Rio de Janeiro, chegou a ficar afastado do
cargo por 18 dias. Em 2001, ele
deixou a prefeitura com 13 processos na Justiça e sofreu outros fora do cargo. Alguns deles
continuarão em curso, por envolverem outros acusados.
Entre os escândalos marcantes, as denúncias por desvio de
finalidade de precatórios (títulos de dívidas judiciais) e o caso
que ficou conhecido como "máfia dos fiscais".
Ao final do mandato, sua gestão registrava uma rejeição recorde do eleitorado, 81% a desaprovavam, segundo o Datafolha, com base na série histórica
iniciada na gestão de Jânio
Quadros (1986-1988).
Afora os problemas com a
Justiça, Pitta perdeu toda sua
base política e, consequentemente, a governabilidade após
rompimento com Paulo Maluf.
Em 2002, foi candidato a deputado federal pelo PSL, sem
sucesso. Quatro anos depois, já
no PTB, tentou novamente,
mas obteve uma votação pífia.
Conhecido pelo estilo sereno
ao lidar com desafetos, reagiu
com socos quando foi chamado
de "ladrão" por um desconhecido em uma padaria na Vila Nova Conceição, em São Paulo.
Em julho de 2008, Pitta foi
preso pela Polícia Federal durante as investigações da Operação Satiagraha. Em abril deste ano, foi condenado à prisão
por não pagar pensão alimentícia a Nicéa. Uma liminar lhe garantiu cumprir prisão domiciliar, para se tratar do câncer.
Ontem, em seu velório, o investidor Naji Nahas, também
detido na mesma operação, esteve presente.
Maluf enviou apenas um telegrama à família. Nicéa não
compareceu aos funerais, e os
dois filhos do prefeito, Victor e
Roberta (do casamento com
Nicéa), chegaram à Assembleia
por volta das 15h40, poucos minutos antes de o caixão ser fechado.
A mãe de Pitta, Zuleica, 89,
permaneceu ao lado do corpo
do filho durante todo o velório,
sempre amparada por familiares e pela ex-modelo Rony Golabeck, com quem Pitta estava
casado. "Ainda vou escrever a
verdadeira história dele", disse
a atual mulher, Rony.
"Durante o período em que
ele esteve na prefeitura, nunca
teve apoio político", disse Fausto Camunha, ex-secretário de
Esportes de Pitta, um dos poucos a ocupar cargo no primeiro
escalão da sua administração
que esteve na Assembleia.
Pitta era formado em economia pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro, com mestrados nas universidades de Leeds
(Inglaterra) e Harvard (EUA).
Colaborou a FOLHA ONLINE
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