|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VIOLÊNCIA
Irregularidades como falta de troca de roupa justificaram liminar, que dá 30 dias para transferência
Juíza manda tirar menores de cadeião
JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local
A Justiça deu ao governo paulista 30 dias para tirar os internos da
Febem do Cadeião de Santo André (Grande São Paulo) . O motivo foram irregularidades no atendimento dos jovens, que estão no
cadeião desde novembro.
A decisão é do Departamento
de Execuções da Infância e da Juventude de São Paulo e é provisória -foi tomada por meio de liminar, em uma ação de três promotores da Infância e da Juventude. Eles visitaram o local e constataram agressões a menores e inadequação do prédio, que abriga
cerca de 350 adolescentes.
"Os menores relataram que ficam com a mesma roupa por uma
semana e ociosos a maior parte do
tempo, além de as condições de
higiene serem impróprias", disse
o promotor Wilson Tafner.
"Não pode o aplicador da lei
postar-se com indiferença ao
atual desrespeito dos direitos fundamentais desses adolescentes,
ante o argumento de que a situação é emergencial e provisória",
diz a juíza Mônica Ribeiro de Souza Paukoski no despacho em que
concedeu a liminar.
Pela decisão, que pode ser contestada pelo Estado, os menores
terão de ter, enquanto não forem
transferidos, atendimento médico e psicossocial e condições satisfatórias de higiene -sabonete individual, chuveiro com água
quente e troca de roupa de cama e
de uso pessoal.
A juíza determinou também
que a unidade de Santo André da
Febem (Fundação Estadual do
Bem-Estar do Menor) não poderá
receber novos menores e só será
liberada após vistoria dela.
"Faz dez anos que existe o Estatuto da Criança e do Adolescente
e faz dez anos que há descaso. E
sempre a situação é emergencial",
disse ontem a promotora da Infância e da Juventude Sueli Riviera, sobre a situação de atendimento dos menores infratores.
A série de irregularidades que
os promotores afirmam ter encontrado em Santo André não é
diferente da situação descrita em
um relatório do Poder Judiciário
sobre a situação dos menores no
Cadeião de Pinheiros.
O documento foi encaminhado
na semana passada aos promotores. Ontem, eles também entraram com ação pedindo a desativação da unidade e transferência
de cerca de 450 menores.
Pelo relatório, os adolescentes
sofrem "agressões reiteradas de
monitores" e passam por situações como "falta de água e contenção (confinamento)".
A Folha procurou ontem a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social para comentar
o assunto, mas não recebeu uma
resposta. Segundo a assessoria de
imprensa, a resposta dependia do
secretário, Edsom Ortega, que
não se manifestou até as 19h30.
Texto Anterior: Tratamento de câncer: Rede pública de SP sofrerá auditoria Próximo Texto: Campinas dobra segurança antifugas Índice
|