São Paulo, Quarta-feira, 22 de Dezembro de 1999


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POLÍCIA
Motorista foi preso por roubo no lugar de um ladrão que usava sua carteira de identidade, perdida em 83
Vítima não reconhece caminhoneiro

MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

"Não tem nada a ver. Não é o cara." Assim reagiu ontem o bancário D., 33, ao ver uma foto do caminhoneiro Francisco Moreira Lima, 32, preso indevidamente no 36º DP (Paraíso), em São Paulo, desde o último dia 7.
O bancário teve seu carro roubado em Cotia, em fevereiro, por um homem que foi preso usando a carteira de identidade original do caminhoneiro, perdida em 83.
A reportagem da Folha localizou o bancário e mostrou a ele uma foto de Francisco fornecida anteontem por sua família.
"Pela qualidade da foto e o tempo que se passou, posso dizer com 70% a 80% de certeza que não é ele", disse o bancário, que foi roubado pelo falso Francisco, que fugiu da cadeia em agosto deste ano, e por Wilton Serafim dos Santos, 28, que continua preso na cadeia pública de Cotia.
"O cara que me rendeu tinha o cabelo pior e o rosto mais gordo. Esse rapaz da foto tem o rosto mais alongado e os cabelos quase como os meus, lisos", disse.
O bancário pediu para não ser identificado. Ele teme represálias, agora que sabe que o assaltante que o roubou está solto.
"É uma loucura. Um pai de família está preso e o que me roubou pode aparecer a qualquer momento. Ele esteve dentro de minha casa", contou D.
Durante o processo, homens que se identificaram como primos do falso Francisco estiveram em sua casa e pediram para que ele não fosse à Justiça reconhecê-lo formalmente.
"Não usaram palavras intimidadoras, mas me intimidaram", disse o bancário.

Reconhecimento
O chefe dos investigadores do 36º DP, Carlos Eduardo Gonçalves Moreira, disse ontem ter convicção de que o homem preso na carceragem da delegacia não é um ladrão de carros.
O policial ligou ontem para o bancário pedindo que ele compareça o mais rápido possível na delegacia para comprovar que o preso não é o que o homem que o assaltou.
Uma equipe da delegacia também deve ir à Cotia levantar mais testemunhas. "A gente vai tomar uma iniciativa porque esse rapaz não pode esperar mais", disse Moreira.


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