São Paulo, Quarta-feira, 22 de Dezembro de 1999


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MÁFIA DA PROPINA
Parlamentar foi detida em seu gabinete; ela diz ser vítima de retaliação por parte de delegado
Vereadora Maria Helena é presa em SP

CHICO DE GOIS
da Reportagem Local

A vereadora Maria Helena Pereira Fontes (PL) foi presa ontem, por volta de 17h, em seu gabinete na Câmara. De acordo com um comunicado distribuído pelo Ministério Público, a prisão aconteceu porque ela mandou espancar um advogado que há duas semanas prestou depoimentos à polícia e ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e a acusou de irregularidades.
Maria Helena disse, após a prisão, que é vítima de "retaliação" por parte de delegados e promotores que investigam a máfia da propina. "É mais uma injustiça."
"Vocês sabem tudo que eles já fizeram. Primeiro me prenderam por crime inafiançável que virou afiançável e eu fui embora para casa. Depois pediram duas preventivas e não conseguiram. Agora inventaram isso. Tudo por que denunciei um delegado filho de senador por que ele tentou me extorquir", afirmou.
Maria Helena se refere ao fato de a equipe do delegado Romeu Tuma Júnior ter encontrado armas de uso exclusivo das Forças Armadas em sua casa -um crime inafiançável-, mas a terem liberado. Após o episódio, ela acusou promotores e delegados de terem pedido R$ 200 mil para deixar de prendê-la na ocasião e hoje é processada por isso.
O comunicado da promotoria diz que "os inquéritos em andamento relacionados à vereadora revelam fatos criminosos gravíssimos, que possibilitaram o pedido de sua prisão temporária".
De acordo com o Ministério Público, "a vereadora tem dificultado o trabalho da força-tarefa, sendo que promotores e delegados têm sido ameaçados de morte". O documento afirma, ainda, que "testemunhas também vêm sendo ameaçadas e algumas chegaram a ser espancadas, a mando da vereadora, para não prestarem depoimentos sobre os crimes praticados pela quadrilha comandada por Maria Helena".
Ela está detida no 89º DP (Morumbi) e deverá ficar presa por cinco dias -prazo que pode ser prorrogado por igual período. É a primeira vez que um vereador paulistano é preso dentro do prédio da Câmara.
"Estou feliz da vida, eu quero passar o Natal e o Ano Novo aqui, porque está-se provando tudo que denunciei", disse a vereadora.
De acordo com testemunhas, quando recebeu voz de prisão, Maria Helena começou a xingar os membros da força-tarefa. O presidente da Câmara, Armando Mellão (PMDB), também deixou o prédio do Legislativo rapidamente e não comentou o caso.


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