São Paulo, sábado, 22 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SP indenizará família de garoto torturado

Jovem de 15 anos morreu no hospital após ser detido por PMs em Bauru; laudo do IML mostrou que ele recebeu mais de 30 choques

Adolescente era suspeito de roubar moto; seis policiais tiveram a prisão preventiva prorrogada por 30 dias até a conclusão do inquérito

DA AGÊNCIA FOLHA

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), assinou ontem um decreto que autoriza o Estado a indenizar a família do adolescente Carlos Rodrigues Júnior, 15 anos, torturado e morto após ser detido por policiais militares em Bauru (343 km de SP) há uma semana.
O jovem era suspeito de roubar uma moto. No dia 15, foi abordado por policiais por volta das 4h20, em sua casa, na periferia da cidade. Foi levado a um hospital após a abordagem e morreu no mesmo dia. Laudo do IML mostrou que o garoto levou mais de 30 choques.
O valor da indenização não foi estipulado. Será definido por um grupo de trabalho que ainda será criado. A comissão terá 30 dias para finalizar a análise.
No decreto, Serra classifica a morte do garoto, "envolvendo atos ilegais praticados por policiais", como "deplorável". O governador afirma ainda que "considerando a responsabilidade civil do Estado no episódio, por ato de seus agentes", decorre "a obrigação de reparar danos". O texto diz também que o Estado exigirá ressarcimento, "dos autores dos atos ilícitos", do dinheiro a ser pago à família.
A Justiça de São Paulo decretou a prisão temporária, por 30 dias, dos seis policiais militares suspeitos de cometer a torturar durante ação da PM.
O tenente Roger Marcel Soares de Souza, o cabo Gerson Gonzaga da Silva e os soldados Emerson Ferreira, Ricardo Ottaviani, Maurício Augusto Delasta e Juliano Arcângelo foram presos em flagrante.
O prazo dessa prisão terminaria na segunda-feira. Com a decisão do juiz Benedito Okuno, da 1ª Vara Criminal de Bauru, permanecerão detidos por ao menos mais 30 dias.
A prisão temporária foi solicitada pelo delegado seccional de Bauru, Donizetti Pinezzi. que quer manter os suspeitos presos até o fim do inquérito.
Um fio desencapado, que pode ter sido usado na tortura, foi apreendido com os policiais.
Os policiais negam as acusações. O advogado de quatro deles, Luiz Henrique Mitsunaga, afirma que o rapaz teve um mal súbito logo após ser algemado em seu quarto e foi socorrido ao hospital. (PABLO SOLANO)


Texto Anterior: Há 50 Anos
Próximo Texto: Guarujá: Menino morre por bala perdida em chacina
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.