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População do país cresce menos que previsto
Novos dados do IBGE mostram que Brasil tem 183,99 milhões de habitantes, 3 milhões a menos do que as estimativas
Previsões sobre a evolução populacional nos próximos 40 anos serão refeitas; Brasil tem hoje 11.422 pessoas com mais de cem anos
ELVIRA LOBATO
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Ao contar a população de
5.435 municípios para o Censo
de 2007, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) descobriu que o país tem 3
milhões de habitantes a menos
do que apontavam as estimativas oficiais até então. No cálculo revisto, o número de brasileiros baixou de 187,23 milhões
para 183,99 milhões.
Os dados mostram que o número de mulheres na população superou o de homens e que
há pelo menos 11 mil pessoas
com cem anos ou mais e 17 mil
casais do mesmo sexo.
A contagem populacional foi
feita nas cidades com até 170
mil habitantes. Nos Estados
com apenas um ou dois municípios com população superior a
esse limite, o Censo teve abrangência de 100%. Ficaram de fora as 129 maiores cidades, que
representam 40% da população do país. Nesse grupo, o número de habitantes foi reestimado com base na taxa de crescimento apontada no Censo.
O IBGE imaginava encontrar
29 milhões de domicílios e 111
milhões de habitantes nas localidades recenseadas, mas contabilizou 30 milhões de residências e 108 milhões de brasileiros. A média de pessoas nos
domicílios, que era de 3,9 em
2000, caiu para 3,5 em 2007.
Segundo o presidente do
IBGE, Eduardo Pereira Nunes,
as estimativas pressupunham
uma taxa anual de crescimento
populacional de 1,4%. Mas o
Censo mostrou crescimento
inferior, de 1,2% ao ano. Em razão disso, todas as estimativas
sobre a evolução da população
para os próximos 40 anos serão
refeitas. Essas projeções só serão conhecidas no ano que vem.
Até agora, o IBGE previa que
a população chegaria ao ápice
de 260 milhões de habitantes
em 2060. A partir daí, começaria a declinar por conta da queda da fecundidade e do envelhecimento populacional.
Diante dos novos números, o
país não deve atingir essa marca. Ficaria na faixa de 258 milhões, se a fecundidade se mantiver no atual nível -dois filhos
por mulher.
A taxa de natalidade vem
caindo desde a década de 1960.
Se fosse mantido o ritmo daquele período, o Brasil já teria
260 milhões de habitantes, segundo Nunes.
"Os dados indicam um processo muito importante: a redução nítida da taxa de fecundidade da população, o que vai
definir um perfil novo da população brasileira, mais maduro e
envelhecido. A proporção de
crianças vai se reduzir, e a população de idosos vai aumentar, o que terá implicações nas
políticas públicas de saúde e
Previdência. Um retrato disso é
o número de pessoas com mais
de cem anos", disse ele.
Pela primeira vez, o IBGE divulgou dados sobre pessoas
com cem anos ou mais. São
11.422 nos 5.435 municípios.
Prova de que as mulheres são
mais longevas, elas representam 70% desse total -ou 7.950.
Esse número pode triplicar
quando as grandes cidades forem recenseadas em 2010, pois
a expectativa de vida é maior
nos grandes centros em razão
do maior acesso aos serviços de
saúde.
Chamam atenção as capitais
do Maranhão (São Luís) e do
Rio Grande do Norte (Natal)
com 144 e 118 pessoas nessa faixa, respectivamente, além da
Bahia, o Estado com maior número de pessoas com cem anos.
Ao saber disso, dona Canô,
100, moradora de Santo Amaro
(71 km de Salvador), apressou-se: "A Bahia sempre tem uma
coisinha a mais".
Essa coisinha, para dona Canô, mãe dos cantores Caetano
Veloso e Maria Bethânia, é a soma da despreocupação com o
clima agradável. A matriarca
comemorou cem anos em 16 de
setembro. "Se eu chegar a mais
alguns anos, quero passar aqui
mesmo. Mas se não chegar, eu
já estou satisfeita", diz.
Políticas públicas
O perfil mais envelhecido da
população representa um desafio em termos de políticas públicas, avalia Nunes. ""Novas
questões serão colocadas, como a construção de mais clínicas geriátricas, e menos de pediátricas; a adaptação de imóveis e de ônibus para a população mais velha", afirmou.
De 1940 para 2007, a expectativa média de vida do brasileiro passou de 40 para 72 anos.
Colaborou CÍNTIA ACAYABA, da Agência Folha
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