São Paulo, segunda, 22 de dezembro de 1997.



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SEGURANÇA
Cinco capitães da polícia paulista lançaram livro no qual defendem que a população reaja a assaltos
PM afasta capitães que pregam armamento

FABIO SCHIVARTCHE
da Reportagem Local

O comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, Carlos Alberto de Camargo, afastou de seus cargos quatro dos cinco capitães da PM paulista que escreveram o livro "Reaja! Prepare-se para o Confronto - Técnicas Israelenses de Combate", que defende o armamento da população.
Os capitães Ricardo Fernandes de Barros e Márcio Tadeu Anhaia de Lemos pertenciam ao comando de choque da PM -destacamento que atua em momentos de crise. Junto a Afonso César Evaristo dos Santos, eles serão transferidos esta semana para outras funções dentro da corporação.
O capitão Sérgio Olimpio Gomes será mantido na escolta do ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho. Já Rogério da Rocha Bortoletto está afastado por causa de um acidente de trânsito.
Segundo o chefe do setor de relações públicas da PM, Antônio Carlos Biagioni, o livro prega uma postura diferente da defendida pela corporação -que valoriza o desarmamento da população.
O livro diz que os cidadãos devem reagir diante de uma ação violenta, que o uso de arma de fogo é recomendável, desde que a pessoa seja treinada, e que o bandido é uma pessoa "menos humana" e deve ser posto "fora de combate".
"Não há tom de retaliação na transferência dos capitães. Mas seria difícil mantê-los em seus cargos com essa postura incompatível com a defendida pela corporação", diz Biagioni.
Um dos trechos do livro ensina como o cidadão deve reagir. "Quando alguém quer eliminá-lo, atire na região de maior alvo, mas, se possível, na cabeça." Os autores dizem que é melhor deixar viúva a mulher do ladrão.
Os cinco autores do livro, lançado na semana passada no Clube dos Oficiais da PM, trabalham juntos em uma atividade irregular para policiais militares: são instrutores em uma empresa de segurança.
O capitão Sérgio Olimpio Gomes afirmou à Folha, na semana passada, ser "pela paz, pelos direitos humanos", mas disse que prioriza o direito "dos mais humanos, que são as vítimas".


Colaborou Rodrigo Vergara


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