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INVESTIGAÇÃO
Casais fazem hoje exame genético para definir paternidade de crianças nascidas em 1993, em Osasco
Troca de bebês envolve 19 famílias de SP
MALU GASPAR
da Reportagem Local
A Polícia Civil de São Paulo investiga desde 1993 troca de bebês
ocorrida em uma maternidade de
Osasco (Grande São Paulo) e que
envolve 19 famílias. Pelo menos
uma delas cria há cinco anos uma
criança que, na verdade, é filha de
outro casal.
Hoje a investigação terá um passo decisivo: acontece, cercado de
sigilo, exame de paternidade que
vai levar os casais e 18 filhos ao
Imesc (Instituto de Medicina Social e Criminologia de São Paulo).
O nome dos pais e das crianças
que farão o teste está protegido
pelo sigilo de Justiça decretado para o caso, que está sendo apurado
pelo 5º Distrito Policial de Osasco.
Ninguém ali aceita dar entrevistas
e a Folha apurou que as famílias
só aceitaram fazer o teste depois
da garantia de sigilo.
As dúvidas envolvendo a paternidade começaram quando uma
mãe desconfiou que o bebê morto
logo depois de nascer, no Hospital
Maternidade João Paulo 2º, não
era a seu filho.
Durante o inquérito, o bebê
morto foi exumado e os exames de
DNA indicaram que a mãe estava
certa. A criança morta era na verdade filha de outra gestante que
esteve internada no hospital naquele dia e 18 outras crianças poderiam ser o bebê da mãe que denunciou.
Desde que se descobriu isso, os
casais envolvidos já tiveram as
mais variadas reações, desde a
perplexidade até as ameaças- de
matar quem investiga ou de denunciar o caso na TV.
O exame já está marcado desde
setembro e toda a agenda do
Imesc de hoje foi reservada para
esses casais. O Imesc é um instituto público que faz exames de paternidade e outras perícias gratuitas a pedido da Justiça.
O teste de paternidade feito hoje
não será o de DNA. A combinação
das técnicas que o Imesc utiliza
(HLA e série vermelha) assegura
até 97,87% de indicação de paternidade ou maternidade.
A série vermelha considera seis
sistemas de compatibilidade sanguínea. O HLA, a similaridade de
antígenos (substâncias que provocam a formação de anticorpos no
organismo).
Segundo o geneticista João Lélio
de Matos, quando a pessoa que fez
o teste não é o pai da criança, tanto
o exame HLA quanto o exame de
DNA vão excluí-lo dessa paternidade, dando resultado negativo.
Para provar que a pessoa é o pai, o
exame de DNA tem mais de 99,9%
de eficácia, e o HLA, mais de 80%.
Destroca ameaçada
Mesmo que se descubra o verdadeiro filho do casal que apresentou a denúncia de troca, ele não
lhe será entregue automaticamente. Nesses casos, a Justiça determina exames e acompanhamento
psicológico para ver a conveniência, especialmente para a criança,
de entregá-la aos pais biológicos
.
A polícia apura se houve negligência na maternidade e se alguém poderá ser punido por isso.
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