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JUSTIÇA
Desconfiança surgiu após morte do bebê, que apresentava anomalia ausente na mãe, segundo obstetra
Pai tenta provar troca há 16 anos
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local
Há 16 anos, o zelador José Correa Aguieiras, 58, busca provar
na Justiça que seu filho -que
hoje teria 16 anos- teria sido
trocado na maternidade.
Em 22 de outubro de 1982, nasceu, na Maternidade Paulistânia,
Rogério da Cunha Aguieiras, seu
quarto filho com a faxineira Geralda Cunha Aguieiras, 48. Depois de 16 dias, o menino morreu com infecção hospitalar.
Foi somente durante inquérito
para apurar a morte do bebê que
Aguieiras começou a desconfiar
da verdadeira identidade do menino e, então, iniciou uma busca
incessante pela "verdade".
Durante o inquérito, o obstetra
Spencer Sydow Sobrinho, responsável pelo parto de Geralda,
declarou que a mãe do bebê
morto tinha a mesma anomalia
do filho: seis dedos em cada
mão. Geralda não apresenta essa
anomalia, o que foi registrado
por um laudo do IML.
Desde então, Aguieiras tenta
conseguir do governo, por meio
da Justiça, a realização do exame
de DNA -que custaria R$ 22
mil em laboratório particular.
"Mas, se o governo comprar o
kit, o Instituto Médico Legal de
Brasília, equipado para isso, poderia realizar o exame."
Aguieiras, que recebe um salário de R$ 350, não tem condições
de bancar os exames.
Em 94, ele conseguiu a exumação do corpo do bebê, por meio
da Justiça. O material exumado,
mantido em Ribeirão Preto, é a
única pista para que Aguieiras
esclareça o caso.
Ele já perdeu a conta das ações
que moveu na Justiça -todas
fracassadas-, para conseguir o
exame de DNA.
"Não entendo por que tanta
resistência. É um direito meu e
de minha mulher sabermos se o
menino que enterramos era
mesmo nosso filho."
Consciente das dificuldades
para encontrar seu filho verdadeiro -se for provado que houve troca-, ele não desanima.
"Não posso ficar com essa dúvida pelo resto da vida", diz.
"Não vou desistir. Não há bens
materiais ou ameaças que me tirem desse caminho."
Neste ano, há duas ações correndo. Uma delas na Procuradoria de Assistência Judiciária, onde pediu julgamento de filiação
mediante exame de DNA ou mediante a documentação que está
em seu poder. Outra, na 2ª Vara
de Registro Público, no Fórum
João Mendes.
Há 30 dias, Aguieiras enviou
carta contando sua história à
Agência Brasileira de Inteligência, em Brasília, mas ainda não
obteve resposta.
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