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JUSTIÇA
Sequestradores de Abílio Diniz, que completam 37 dias sem comer, serão julgados hoje
Redução de pena não deve encerrar greve
ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local
Qualquer que seja hoje a decisão
do TJ-SP (Tribunal de Justiça de
São Paulo) sobre a redução das penas dos sequestradores do empresário Abílio Diniz, eles não deverão encerrar a greve de fome no
mesmo dia.
O julgamento da revisão das penas dos sequestradores foi adiado
pela terceira vez, na última terça-feira. Desembargadores do TJ
que já votaram -oito dos dez-
indicaram que as penas serão reduzidas.
Os oito sequestradores completam hoje 37 dias sem comer, tornando essa a maior greve de fome
já ocorrida no Brasil. Até ontem, a
greve de maior duração de que se
teve notícia foi em 1972: 36 dias.
"O resultado do TJ não implica
o fim da greve, mas a expectativa
dos presos em relação ao comportamento que o governo terá a partir de então", disse o porta-voz
dos presos, Breno Altman.
Segundo Altman, há três reações
que o governo pode vir a ter. A
primeira hipótese -independentemente do resultado da sessão de
hoje- é o governo continuar delegando exclusivamente à Justiça a
decisão sobre o destino dos presos. A segunda é o governo aguardar a decisão do Congresso sobre
os tratados de transferência de
presos estrangeiros.
A terceira hipótese seria agilizar
a expulsão dos estrangeiros e indultar o brasileiro. Isso poderia
ocorrer no caso de o TJ decidir
adiar mais uma vez o julgamento
das penas. Nesse caso, segundo
Altman, o presidente Fernando
Henrique Cardoso poderia usar
suas atribuições constitucionais
para expulsar e indultar.
Mesmo com o tribunal decidindo pela redução das penas, poderia haver a interferência do presidente. Isso porque a Justiça teria
acenado para uma possível liberdade ou transferência de regime
de detenção e o presidente apenas
aceleraria um processo que, pela
burocracia, seria mais lento.
De qualquer forma, os sequestradores reiteram que só terminam a greve com a concessão da
liberdade.
"Não há como terminar essa
greve sem liberdade", afirmou
Altman. Segundo ele, os presos
disseram que não há como voltarem para o presídio.
"Isso os desmoralizaria e os colocaria em risco de retaliação interna. Eles já nem têm mais os seus
objetos pessoais na cadeia", disse
o porta-voz.
Boletim médico divulgado ontem à tarde pelo HC informou que
os presos "continuam debilitados, mas permanecem conscientes". Eles estão recebendo reposição de sais por via oral.
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