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CARTÓRIOS
Entidade ameaça ir à Justiça caso governo e Assembléia não reduzam valores; para proprietários, medida quebraria o sistema
OAB faz campanha para baixar preço de taxa
DA REPORTAGEM LOCAL
A OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) iniciou ontem
campanha que pede a revogação
da Lei Estadual nš 11.331, de 26 de
dezembro de 2002, que determinou aumento nas taxas de serviços prestados por cartórios.
A entidade pedirá providências
ao governador Geraldo Alckmin
(PSDB), para voltar a aplicar a tabela de preços de 2002, e à Assembléia Legislativa, para elaborar
nova lei e novos preços. Se não for
atendida, vai recorrer à Justiça.
Ontem, a OAB-SP realizou debate com representantes dos cartórios, da Corregedoria do Tribunal de Justiça, de comerciantes e
de construtoras. Depois, a comissão da ordem que analisou a lei
concluiu que não há base objetiva
para o aumento dos preços das
atividades notariais e de registro.
O reajuste, diz o documento assinado ontem pela comissão, deveria estar justificado por planilhas de custos que "exprimissem,
em síntese, o preço adequado para os serviços dos cartórios extrajudiciais, o que não ocorre". A entidade defenderá que a lei estabeleça critérios para reembolsar
quem pagou valores em excesso.
No dia 14, decreto do governador reduziu o valor de quatro serviços que sofreram aumento com
a nova lei. Para a OAB-SP, o decreto não é "suficiente".
As entidades que representam
os cartórios discordam. "Querem
quebrar o sistema", disse Tullio
Formicola, presidente do Colégio
Notarial do Brasil (seção SP).
Segundo o presidente do Sinoreg-SP (Sindicato dos Notários e
Registradores), Cláudio Marçal, a
lei e o preço dos serviços foram
discutidos por cerca de um ano na
comissão permanente da Secretaria de Estado da Justiça.
A OAB-SP e as demais entidades reclamam participação na comissão. A secretaria, que não se
manifestou sobre os pedidos, informou que já está analisando as
planilhas de custos. A assessoria
de Alckmin disse que ele só falará
após comunicação oficial.
Os cartórios não revelam qual é
a receita do setor. "Não tenho
idéia. Se tivesse, não declararia",
disse Formicola. Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da
Construção, a receita total dos
cartórios de registro de imóveis
na cidade de São Paulo em 2001
foi de, no mínimo, R$ 43 milhões.
Recuo
A pressão da OAB é mais um capítulo da novela do reajuste das
taxas de serviços prestados pelos
cartórios. A lei permitindo o aumento foi sancionada pelo próprio Alckmin, que, pressionado,
assinou decreto, dias depois, reduzindo os preços.
Ao anunciar o decreto, o secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania, Alexandre de Moraes,
justificou a decisão, ao afirmar
que a lei foi mal interpretada pelos
cartórios.
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