|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GOVERNO LULA
Cidades têm dúvidas sobre viabilidade jurídica de projeto da Justiça, que prevê que associações concedam títulos de posse
Plano para favela gera crise entre ministérios
IURI DANTAS
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Justiça prepara
um decreto, a ser assinado pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que repassaria a associações
de moradores a responsabilidade
de emitir certificados de posse para os lotes utilizados para habitação em favelas.
A proposta do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, prevê
que o Ministério das Cidades homologue o certificado de posse
emitido pelas associações. A idéia
de Bastos causou uma saia justa
para técnicos do Ministério das
Cidades, que têm dúvidas sobre a
viabilidade jurídica da proposta.
Os dois ministérios criaram um
grupo que estuda como fazer a regularização fundiária. A equipe
-formada por técnicos de Cidades, Meio Ambiente, Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e Secretaria do
Patrimônio da União (Planejamento)- se sentiu traída pelo fato de a Justiça antecipar uma proposta que deveria ser discutida.
Os ministros, porém, dizem que
estão afinados. Segundo o ministro Olívio Dutra (Cidades), não há
confronto de idéias porque seu
ministério também defende que
as associações participem do processo. "Evidentemente que temos
que burilar [as propostas"", disse.
"Estamos absolutamente afinados. O que existem, o que pode
existir são divergências a respeito
de como fazer", declarou Bastos.
Para o grupo de trabalho, do
qual também faz parte a Defensoria Pública, a regularização não
compreende apenas a titulação,
mas é parte de um processo que
inclui a urbanização das áreas.
Dúvida jurídica
Há dúvidas sobre a viabilidade
jurídica da proposta. De acordo
com o especialista em direito urbanístico Marcio Cammarosano,
57, é preciso verificar se o Ministério das Cidades possui poder para
homologar o certificado. "Nada
pode se sobrepor ou conflitar
com a competência assinalada
aos municípios na Constituição."
Questionada sobre a viabilidade
da proposta, a urbanista Raquel
Rolnik, secretária de Programas
Urbanos do Ministério das Cidades, disse que não comentaria a
idéia antes da reunião de amanhã.
Na reunião, Raquel Rolnik vai
propor três linhas de ação:
1) Que o governo federal faça
nas terras da União a regularização de moradias de até 250 m2 em
áreas ocupadas antes de junho de
2001, como prevê a medida provisória 2.220, de setembro de 2001;
2) Que o governo apóie, capacite e mobilize entidades e organismos públicos para a elaboração
de programas municipais e estaduais de regularização fundiária;
3) Nos casos de ocupação para
outra finalidade que não a de interesse social, os foros e pagamentos devem ser revistos e ajustados.
Na primeira reunião, realizada
no último dia 10, o grupo já havia
discutido que as formas de ação
na regularização fundiária devem
ser descentralizadas. A proposta é
que o governo federal tenha como
prioritárias as terras da União.
Colaborou SÉRGIO DURAN, da Reportagem Local
Texto Anterior: Cartórios: OAB faz campanha para baixar preço de taxa Próximo Texto: Cidade de Deus será exemplo, diz governo Índice
|