São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2004

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Tatuapé passa por vistoria

DA REPORTAGEM LOCAL

Adolescentes descalços, apinhados em celas minúsculas. Sem ter o que fazer -e sem espaço-, têm de ficar sentados, olhando as paredes. Roupas são trocadas só uma vez por semana. Alguns apresentam marcas de agressão.
Para as entidades de defesa dos direitos humanos, que vistoriaram ontem as unidades 5 e 12 do complexo Tatuapé da Febem, o quadro confirmou irregularidades apontadas pelos conselheiros tutelares da região.
Mais de 200 adolescentes foram transferidos temporariamente para as duas unidades depois do fechamento do complexo de Franco da Rocha, no fim do ano passado. A transferência foi feita para que o governo cumprisse a promessa de fechar a unidade da Grande São Paulo.
Na época, a fundação havia garantido que os internos ficariam no Tatuapé até o dia 13 deste mês.
"A unidade não tinha condições de recebê-los", diz Elisabete Borgianni, do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente). Ela saiu do local com um dente no bolso, que um interno disse ter perdido em uma suposta agressão.
Parte das entidades só entrou no complexo do Tatuapé depois de uma ordem judicial.
"Eles estão em condições piores do que em Franco da Rocha. Ficam dias inteiros olhando para a parede. Dizem que são agredidos por pedirem um rolo de papel higiênico", afirma Conceição Paganele, da associação de mães.
A fundação nega as acusações de maus-tratos. Segundo a Febem, os internos estão sem atividades por conta das férias. Alega, porém, que eles podem circular pelo pátio durante o dia.
Reconhece a superlotação -a unidade 12 tem capacidade para 110 internos, mas abriga 152- e promete transferir os adolescentes até 2 de fevereiro. (FL)


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