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Tatuapé passa por vistoria
DA REPORTAGEM LOCAL
Adolescentes descalços, apinhados em celas minúsculas. Sem
ter o que fazer -e sem espaço-,
têm de ficar sentados, olhando as
paredes. Roupas são trocadas só
uma vez por semana. Alguns
apresentam marcas de agressão.
Para as entidades de defesa dos
direitos humanos, que vistoriaram ontem as unidades 5 e 12 do
complexo Tatuapé da Febem, o
quadro confirmou irregularidades apontadas pelos conselheiros
tutelares da região.
Mais de 200 adolescentes foram
transferidos temporariamente
para as duas unidades depois do
fechamento do complexo de
Franco da Rocha, no fim do ano
passado. A transferência foi feita
para que o governo cumprisse a
promessa de fechar a unidade da
Grande São Paulo.
Na época, a fundação havia garantido que os internos ficariam
no Tatuapé até o dia 13 deste mês.
"A unidade não tinha condições
de recebê-los", diz Elisabete Borgianni, do Conanda (Conselho
Nacional dos Direitos da Criança
e do Adolescente). Ela saiu do local com um dente no bolso, que
um interno disse ter perdido em
uma suposta agressão.
Parte das entidades só entrou
no complexo do Tatuapé depois
de uma ordem judicial.
"Eles estão em condições piores
do que em Franco da Rocha. Ficam dias inteiros olhando para a
parede. Dizem que são agredidos
por pedirem um rolo de papel higiênico", afirma Conceição Paganele, da associação de mães.
A fundação nega as acusações
de maus-tratos. Segundo a Febem, os internos estão sem atividades por conta das férias. Alega,
porém, que eles podem circular
pelo pátio durante o dia.
Reconhece a superlotação -a
unidade 12 tem capacidade para
110 internos, mas abriga 152- e
promete transferir os adolescentes até 2 de fevereiro.
(FL)
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