São Paulo, sábado, 23 de janeiro de 1999

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VIOLÊNCIA
Funcionários e parentes ficaram de um dia para o outro em poder do grupo, que tinha cerca de 20 homens
Grupo faz 12 reféns e leva R$ 9 mi de banco

LUCIANA CAVALINI
da Folha Ribeirão

A agência central do Banco do Brasil em Ribeirão Preto (319 km de São Paulo) foi assaltada na manhã de ontem em uma das ações mais ousadas já registradas pela polícia paulista. Foram levados cerca de R$ 9 milhões -provavelmente o maior valor já roubado nesta década no Estado- e os assaltantes mantiveram reféns 12 pessoas de um dia para o outro. Para completar, a polícia tem indícios de que o grupo, de cerca de 20 homens, estava armado com granadas, fuzis AR-15, metralhadoras e bazucas e utilizou na sua fuga um avião. A ação começou anteontem de manhã, segundo o relato da polícia. Por volta das 9h, cinco ladrões invadiram uma chácara próxima da rodovia Anhanguera e fizeram reféns o proprietário, Luiz Carlos dos Santos, e sua mulher, Magda Mariano dos Santos. Entre 15h e 21h, eles sequestraram quatro funcionários da agência, que fica a 300 metros da principal delegacia da cidade, no centro. Eles foram rendidos no estacionamento do banco. Segundo o delegado-titular do 1º Distrito Policial, Luiz Geraldo Dias, houve casos em que parentes de funcionários foram, em seguida, sequestrados em suas casas. "A intenção era evitar que pessoas próximas sentissem falta dos funcionários à noite e chamassem a polícia", avalia o delegado. Por volta das 21h, foram sequestrados dois gerentes da agência. Funcionários e seus parentes foram levados para a chácara, onde também foram rendidos três parentes do proprietário. "Apesar de toda a tensão, eles (os assaltantes) foram muito educados e não ficaram apontando armas para a gente", afirma Magda Mariano de Souza, proprietária da chácara. Segundo ela, as pessoas foram colocadas em três cômodos separados da casa. "Ninguém dormiu um minuto durante a noite. Nem reféns nem assaltantes."

Sistema de rádio
Na manhã de ontem, cerca de 15 assaltantes deixaram a chácara e foram ao banco, levando um funcionário responsável pela lanchonete, que foi obrigado a apontar quem eram as pessoas que poderiam abrir o cofre.
O grupo ficou na agência por cerca de uma hora e meia, período em que dominou mais um gerente. Funcionários e pessoas que estavam no local foram levadas para uma área no fundo da agência.
Usando um sistema de rádio, os ladrões mantiveram comunicação com a parte do grupo que ficou na chácara. "Eles ameaçavam o gerente dizendo que os reféns seriam mortos, se ele não entregasse tudo que havia no banco", disse Dias.
Após pegarem o dinheiro, os assaltantes se comunicaram com a chácara. O grupo que estava na casa fugiu e deixou os reféns trancados. Eles foram soltos depois que a polícia, às 9h30, soube do roubo.
Dois carros usados no roubo foram encontrados -uma camionete e um furgão Sprinter.



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