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LEIS
Golpes vitimam Justiça do Trabalho e advogados em SP
EUNICE NUNES
especial para a Folha
Demissões em
massa e recessão econômica.
Está pronto o
cenário ideal
para que "espertinhos"
saiam por aí
aplicando velhos e novos golpes. E
muitos deles se dão no âmbito da
Justiça do Trabalho e daquilo que
gira em torno dela.
Por exemplo, os advogados trabalhistas, de um tempo para cá,
passaram a ser vítimas de um novo tipo de estelionato.
Aparece um suposto cliente, diz
que foi demitido e quer reclamar
contra a empresa. Alega estar na
penúria e pede um pequeno
adiantamento para ir se aguentando até arranjar outro trabalho.
Ou diz que, como ele, há um
grupo de pessoas que precisa ajuizar ação trabalhista, mas que nem
dinheiro tem para ir até o escritório. Seria preciso um empréstimo
para pagar as passagens.
E o advogado, por pena ou por
cobiça, empresta o dinheiro. O
"cliente", que depois some, vai
de escritório em escritório com a
mesma história, conseguindo, assim, uma soma razoável.
No ano passado, um advogado
suspeitou da história e comunicou
o fato à polícia. O golpista acabou
preso em flagrante, com cheques
(um de R$ 80,00 e outro de R$
50,00) de dois advogados diferentes no bolso e 16 cartões de advogados que ele provavelmente pretendia visitar.
"Quem cai nesse tipo de golpe,
normalmente, são os advogados
mais inexperientes. Especialmente
quando o golpista diz que tem um
grupo de reclamantes e ele acredita que vai ganhar um bom dinheiro", diz Luís Carlos Moro, presidente da Associação dos Advogados Trabalhistas (AAT).
Outro mal do setor, já antigo e
incentivado por alguns advogados, é a utilização dos chamados
paqueiros (aqueles que angariam
serviços para terceiros).
Eles atuam perto dos edifícios da
Justiça do Trabalho e da Delegacia
Regional do Trabalho (DRT), captando clientes para advogados trabalhistas. O paqueiro ganha uma
comissão por pessoa que leva até o
escritório.
Em alguns casos, o feitiço vira-se
contra o feiticeiro. O paqueiro leva
ao escritório clientes fictícios, que
não têm reclamação nenhuma a
fazer, só para ganhar a comissão.
Há até casos de paqueiros que se
deram tão bem que hoje têm seu
próprio escritório e empregam advogados para atender aos clientes
captados na rua.
O uso de paqueiros fere o Código
de Ética dos advogados (trata-se
de captação irregular de clientela).
"É difícil de combater, por ser algo como a agiotagem e a prostituição. Não pode, mas continua existindo", afirma Moro.
A Justiça do Trabalho acaba sendo a maior vítima, pois as ações,
embora sejam depois arquivadas,
são ajuizadas, entram na pauta de
audiência e tiram da fila gente que
de fato tem uma reclamação justa.
"Os advogados precisam ser
mais éticos e cautelosos. Não devem estimular reclamações, usar
paqueiros nem participar de processos simulados", adverte Floriano Vaz da Silva, presidente do
Tribunal Regional do Trabalho de
São Paulo (TRT-SP).
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