São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997.

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À MARGEM DO ESTADO 3
Projeto União Pela Vida oferece cursos profissionalizantes e obtém empregos para menores carentes
Salesianos de Manaus assistem 35 mil

ANDRÉ MUGGIATI
da Agência Folha, em Manaus

O projeto União Pela Vida, dos padres salesianos, está tirando menores das ruas de Manaus e empregando-os em indústrias, oficinas mecânicas e marcenarias.
Existente há 35 anos, o atendimento é feito no Pró-Menor Dom Bosco, no bairro da Alvorada.
O Pró-Menor oferece cursos profissionalizantes de marcenaria, solda, mecânica de motores, corte e costura, agricultura, datilografia e informática para cerca de 600 menores que vivem na miséria.
Após os cursos, que têm duração de dois anos, os menores são encaminhados para empregos.
Segundo o padre Flávio Giovenale, coordenador da União Pela Vida na região Norte, parte das crianças é abordada nas ruas e convidada a conhecer o projeto.
Outra parte é encaminhada pelo juizado e pela Promotoria da Infância e Juventude.
Além de oferecer cursos para os menores, os salesianos também procuram fazer com que as crianças voltem para suas casas ou para casas de parentes.
Para as crianças que não têm família, o Pró-Menor oferece as ``Casas Família'', famílias que se dispõem a adotá-las.
Foi assim que o casal Maria José Maciel, 37, e Jânio Pedro da Silva, 36, que já tem três filhos, adotou outras oito crianças, que são mantidas com recursos do projeto.
Hoje, há 28 crianças vivendo com três famílias. Até o final do ano, 40 deverão ser adotadas.
O União Pela Vida também tem projetos de alfabetização e de atividades de lazer para crianças carentes, nos fins-de-semana.
Ao todo, são atendidas em Manaus 1.950 crianças, ao custo total de R$ 1,3 milhão, financiado por um convênio com o Estado do Amazonas e por doações.
O projeto também atua em outras cidades do país, atingindo, ao todo, 35 mil crianças.
Para o secretário do Trabalho e Ação Social do Amazonas, Nonato Oliveira, a terceirização, por meio de convênios, é a melhor forma de viabilizar projetos de assistência.
Segundo Oliveira, o Estado tem ``deixado a desejar no campo das ações nesse segmento''.
``Se não houvesse o Pró-Menor Dom Bosco eu ainda estaria na rua'', diz Marcel Souza Xavier, 16, aluno do curso de solda.
A vida de Carlos Gutierrez da Silva, 21, também mudou ao conhecer o Pró-Menor, aos 14 anos.
Antes, o colombiano Silva chegou a perambular por várias cidades e morou seis meses na lixeira pública de Manaus. Hoje, ele é instrutor de outras crianças.


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