|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EDUCAÇÃO 2
Educadores afirmam que também é preciso reciclar professores para que projeto tenha chance de dar certo
Iniciativa divide opinião de especialistas
MARCOS PIVETTA
da Reportagem Local
O programa de informatização
de escolas públicas do governo federal divide as opiniões dos educadores.
Alguns o consideram imprescindível para a melhoria de ensino no
Brasil, um investimento sem o
qual o país não conseguirá dar um
salto no futuro.
``Essa iniciativa do Ministério da
Educação é ótima'', afirma o americano Fredric Litto, 58, coordenador científico da Escola do Futuro
da Universidade de São Paulo
(USP), laboratório criado há 8
anos para pesquisar o uso de novas
tecnologias de comunicação na
educação.
Para Litto, ainda que apenas 20%
dos alunos aos quais se destinam
os micros realmente aprendam a
operar as máquinas, o investimento de quase R$ 500 milhões terá sido válido.
Mais críticos do projeto, outros
educadores dizem que investir
maciçamente em computadores
só trará benefícios para os alunos
se, ao mesmo tempo, os professores forem reciclados e melhor remunerados -e não apenas treinados para usar um micro.
``Comprar computadores para
as escolas é a maneira mais fácil de
o governo dizer que está fazendo
alguma coisa pelo ensino'', afirma
o professor de filosofia da educação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Eduardo
Chaves, 54, especialista na utilização da informática para fins didáticos.
Para Chaves, o principal problema do professor da rede pública
não é a falta de familiaridade com
um computador.
Mas a falta de ter o que dizer em
classe. ``Se o professor, sem o micro já não dá uma boa aula, não vai
ser o computador que vai resolver
esse problema'', diz Chaves.
Habilitações
Ninguém é contra a presença do
computador ao lado do quadro-negro. Nem que o governo
gaste algum dinheiro para equipar
as escolas.
O que alguns educadores temem
é que haja muitos micros para
poucos professores e alunos habilitados a operá-los. Ou ainda que a
reforma do ensino público se limite a ensinar professores e alunos a
mexer num computador.
``A informática não pode ser encarada como a solução de todos os
problemas da educação pública'',
afirma Mario Sergio Cortella,
ex-secretário municipal de Educação na gestão de Luiza Erundida.
A grande dúvida dos especialistas é como os computadores serão
usados nas escolas públicas.
Há quem defenda que os micros
não devam ser utilizados com a exclusiva pretensão de revolucionar
o ensino das matérias escolares,
mas basicamente na tarefa de familiarizar os alunos com a informática.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|