|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ÀS ESCURAS
Cerj culpa defeitos em transformadores na estatal Furnas Centrais Elétricas, gestões passadas e verão pelos problemas no abastecimento
Privatização agrava fornecimento de luz no Rio
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
Passados três meses da privatização, agravaram-se os problemas
de fornecimento de energia pela
Cerj (Companhia de Eletricidade
do Estado do Rio de Janeiro) à população de 65 municípios fluminenses.
A piora é reconhecida até pela direção do consórcio -formado por
empresas do Chile, Portugal e Espanha- que, em novembro passado, adquiriu em leilão a empresa
de energia elétrica pertencente ao
governo estadual.
Para o diretor técnico da Cerj, o
português Gaspar Rego, a companhia não pode piorar mais. Em entrevista à Folha na quarta-feira, ele
usou lápis e papel para mostrar a
situação atual da ex-estatal.
Rego, 51, desenhou um U maiúsculo e apontou para a curva da letra. ``Encontramos um sistema em
queda franca. Pensamos que o
ponto mais baixo da queda foi vivido nesses dias. Agora vamos subir'', disse Rego.
A população servida pela Cerj
enfrenta situações críticas. Todos
os dias têm faltado luz em alguns
dos mais importantes municípios
do interior do Estado, como Niterói, Petrópolis, Duque de Caxias,
São Gonçalo e Cabo Frio.
A direção da Cerj aponta três culpados pelo precário fornecimento
energético: a estatal Furnas Centrais Elétricas, cujos transformadores que abastecem a Cerj deram
defeito este mês, as gestões passadas da companhia e o verão.
``A Light (empresa que abastece
a cidade do Rio) foi privatizada em
maio. Não pegou o verão. Conosco
foi diferente. Logo após a privatização começou o verão, quando
aumenta o consumo'', disse o chileno Jose Luis Echenique, 49, vice-presidente da empresa.
O executivo afirma que houve
um aumento de 49% no consumo
de energia no litoral norte este
Carnaval em relação ao do ano
passado. ``Se não tivéssemos investido em melhorias o Carnaval
teria sido completamente às escuras'', disse Echenique.
A cidade de São Francisco do Itabapoana (330 km do Rio) foi citada
como exemplo pelo vice-presidente. ``Lá, a população passou de 70
mil para 200 mil pessoas de uma
hora para outra. Houve um grande
pique de consumo'', afirmou.
A diretoria reclama que as direções anteriores da Cerj não investiram em melhorias.
``A empresa estava totalmente
sucateada, com equipamentos obsoletos, tecnologias ultrapassadas,
sistemas desajustados. A região
oceânica de Niterói cresce 20% ao
ano. Foram dez anos sem qualquer
investimento'', disse Echenique.
O consórcio informa já ter investido US$ 40 milhões desde a privatização. Até o fim do ano, está previsto o gasto de mais US$ 60 milhões. Em cinco anos, o plano é investir US$ 500 milhões, de modo a
tornar a Cerj uma empresa padrão
em fornecimento energético.
Segundo a direção da Cerj, até o
fim do ano o fornecimento de
energia às áreas críticas terá alcançado níveis aceitáveis. Em dois
anos, a qualidade do serviço será
excelente, de acordo com os planos do consórcio.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|