São Paulo, terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

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Grupo "acerta", mas não leva prêmio da Mega

Bolão vendido a apostadores de Novo Hamburgo (RS) trazia os seis números sorteados, mas Caixa não registrou aposta

Prêmio do concurso 1.155, realizado no sábado, era de R$ 53 milhões, mas ficou acumulado; Caixa apura o caso, e polícia vê estelionato

GUSTAVO HENNEMANN
DA AGÊNCIA FOLHA

O motorista Jadir de Quadros, 40, de Novo Hamburgo (RS), sentiu-se milionário no domingo, quando conferiu os números, sorteados no sábado, do concurso 1.155 da Mega-Sena, que pagaria um prêmio de R$ 53 milhões aos acertadores.
Um dos participantes de um bolão com outros 39 apostadores, ele ficaria com cerca de R$ 1,3 milhão. Parte do dinheiro ele já decidira reservar para financiar a restauração de uma igreja do bairro onde mora.
Ontem, pelos jornais, no entanto, soube que não havia ganhado nada, porque o sistema da Caixa Econômica Federal não reconheceu nenhuma aposta com os seis números sorteados no concurso.
Os apostadores têm em mãos apenas os bilhetes do bolão não oficiais comprados por R$ 11 na lotérica Esquina da Sorte. Até ontem, a loja não havia exibido o bilhete oficial emitido pelos terminais da Caixa. De acordo com o gerente da lotérica, Éverson da Silva, o papel estava no cofre, que só poderia ser aberto pelo dono, ausente o dia todo.
Segundo Silva, os cartões de bolão são impressos por uma gráfica e autenticados no terminal de apostas da lotérica por meio de um volante marcado com os mesmos números. A hipótese, diz ele, é que o volante autenticado tenha sido marcado com números diferentes dos do bolão vendido aos clientes.
No sistema de bolões oferecido pela Esquina da Sorte -comum nas lotéricas de todo o país-, os apostadores deixam os bilhetes oficiais nas agências e levam apenas cópias dos números jogados. A Caixa reprova esse sistema. O banco informou que a venda de bolões por parte das agências lotéricas é uma "falha contratual" que pode resultar em punição com advertências ou até revogação da concessão de funcionamento.
O próximo concurso da Mega-Sena está confirmado para amanhã e pagará R$ 61 milhões a quem acertar as seis dezenas.
Para o delegado Clóvis Nei da Silva, a lotérica não registrou os jogos nem repassou os valores à Caixa. Até o momento, o caso é tratado como estelionato.
O advogado Marcelo Luciano, que representa 16 apostadores do bolão identificados até ontem à noite, disse que entrará com uma ação judicial contra a lotérica e a Caixa pedindo o valor do prêmio e uma indenização por danos morais.
"A Caixa não reconhece o bolão, mas ela permite que as lotéricas ofereçam [esse sistema] livremente. Vou tentar bloquear o valor do prêmio."
O corretor de seguros Roberto Hoffmann, 52, não teve a frustração de se sentir rico por pouco tempo -não conferiu os números e soube do caso pelos jornais. "Só acredito quando vir o dinheiro na minha mão."
Os advogados do dono da lotérica foram procurados pela Folha e não ligaram de volta até a conclusão desta edição.


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