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Grupo "acerta", mas não leva prêmio da Mega
Bolão vendido a apostadores de Novo Hamburgo (RS) trazia os seis números sorteados, mas Caixa não registrou aposta
Prêmio do concurso 1.155, realizado no sábado, era de R$ 53 milhões, mas ficou acumulado; Caixa apura o caso, e polícia vê estelionato
GUSTAVO HENNEMANN
DA AGÊNCIA FOLHA
O motorista Jadir de Quadros, 40, de Novo Hamburgo
(RS), sentiu-se milionário no
domingo, quando conferiu os
números, sorteados no sábado,
do concurso 1.155 da Mega-Sena, que pagaria um prêmio de
R$ 53 milhões aos acertadores.
Um dos participantes de um
bolão com outros 39 apostadores, ele ficaria com cerca de R$
1,3 milhão. Parte do dinheiro
ele já decidira reservar para financiar a restauração de uma
igreja do bairro onde mora.
Ontem, pelos jornais, no entanto, soube que não havia ganhado nada, porque o sistema
da Caixa Econômica Federal
não reconheceu nenhuma
aposta com os seis números
sorteados no concurso.
Os apostadores têm em mãos
apenas os bilhetes do bolão não
oficiais comprados por R$ 11 na
lotérica Esquina da Sorte. Até
ontem, a loja não havia exibido
o bilhete oficial emitido pelos
terminais da Caixa. De acordo
com o gerente da lotérica, Éverson da Silva, o papel estava no
cofre, que só poderia ser aberto
pelo dono, ausente o dia todo.
Segundo Silva, os cartões de
bolão são impressos por uma
gráfica e autenticados no terminal de apostas da lotérica por
meio de um volante marcado
com os mesmos números. A hipótese, diz ele, é que o volante
autenticado tenha sido marcado com números diferentes dos
do bolão vendido aos clientes.
No sistema de bolões oferecido pela Esquina da Sorte -comum nas lotéricas de todo o
país-, os apostadores deixam
os bilhetes oficiais nas agências
e levam apenas cópias dos números jogados. A Caixa reprova
esse sistema. O banco informou que a venda de bolões por
parte das agências lotéricas é
uma "falha contratual" que pode resultar em punição com advertências ou até revogação da
concessão de funcionamento.
O próximo concurso da Mega-Sena está confirmado para
amanhã e pagará R$ 61 milhões
a quem acertar as seis dezenas.
Para o delegado Clóvis Nei da
Silva, a lotérica não registrou os
jogos nem repassou os valores à
Caixa. Até o momento, o caso é
tratado como estelionato.
O advogado Marcelo Luciano, que representa 16 apostadores do bolão identificados até
ontem à noite, disse que entrará com uma ação judicial contra a lotérica e a Caixa pedindo
o valor do prêmio e uma indenização por danos morais.
"A Caixa não reconhece o bolão, mas ela permite que as lotéricas ofereçam [esse sistema]
livremente. Vou tentar bloquear o valor do prêmio."
O corretor de seguros Roberto Hoffmann, 52, não teve a
frustração de se sentir rico por
pouco tempo -não conferiu os
números e soube do caso pelos
jornais. "Só acredito quando vir
o dinheiro na minha mão."
Os advogados do dono da lotérica foram procurados pela
Folha e não ligaram de volta
até a conclusão desta edição.
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