São Paulo, segunda, 23 de fevereiro de 1998

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Público de SP elege Vai-Vai e Nenê

da Reportagem Local


Vai-Vai e Nenê de Vila Matilde saíram na frente na disputa do título de campeã do Carnaval de São Paulo este ano. As duas escolas deixaram o Sambódromo sob os gritos de "é campeã".
A apresentação da Vai-Vai, nona escola a desfilar, combinou luxo e um samba de refrão fácil -Banzai!!Vai-Vai-, que foi repetido pelo público durante o tempo de uma hora e dois minutos em que esteve na avenida.
Este ano, a Vai-Vai apresentou um enredo contado do ponto de vista de um personagem fictício, o mulato Criolé, que sonha ser o imperador do Japão e acorda na avenida no meio do desfile da escola.
A Vai-Vai impressionou pelo luxo e pelo acabamento cuidadoso das fantasias e alegorias, mas pode ser prejudicada por problemas de evolução, dada à pressa com que desfilaram as últimas alas.

Simpatia
Já a Nenê usou a simpatia como arma para levantar o público das arquibancadas: o enredo de fácil assimilação sobre os 70 anos da escola de samba carioca Mangueira e a presença do ator-dramaturgo Miguel Falabella, que levou o público ao delírio durante todo o desfile, cantando o samba e repetindo na arquibancada as coreografias mostradas na pista.
Apenas a Gaviões da Fiel, que encerrou o desfile, conseguiu repetir o feito da Nenê e botar o público para pular nas arquibancadas, por causa da fidelidade de sua torcida e do enredo sobre a história e as glórias do Corinthians.
Apesar disso, a Gaviões corre o risco de perder pontos por causa do samba que não "pegou" e porque algumas alas descumprirarm o regulamento e trouxeram membros com fantasias desiguais. Numa das alas, por exemplo, metade dos foliões não tinha os chapéus que faziam parte da roupa da ala.
As fantasias também podem prejudicar a Nenê. Alguns membros vestiam camisas da Mangueira junto com pessoas com uniformes da Nenê, descumprindo o regulamento, que prevê que todas as fantasias de uma ala têm de ser absolutamente iguais.

Topless
Mocidade Alegre, X-9, Rosas de Ouro e Unidos do Peruche fizeram bons desfiles, mas que não chegaram a empolgar totalmente.
A primeira aproveitou o enredo "Essas Mulheres Maravilhosas e Ousadas" para encher a avenida com mulheres de topless e biquínis. Seu principal destaque, a dançarina Carla Perez, se vestiu muito mais que de hábito e escondeu o "tchan", não superando o bumbum desnudado de Valeria Valenssa, que saiu de corpo pintado, mais mostrando do que escondendo.
A Peruche caprichou nas fantasias, em tons de terra e com diferentes materiais, de palha a peles de animais. A contradição ficou por conta de alas essencialmente afro com componentes loiros.
A X-9 não resistiu ao baque de ter de desfilar primeiro sendo a campeã de 97. O problema foi lembrado até pelo puxador Royce do Cavaco, que para tentar animar o público, gritou bastante e saiu rouco. Surpreenderam pela animação, as Ronaldinhas Nádia e Viviane.
A Rosas de Ouro realizou um desfile correto e colorido, com carros bonitos, mas parecia que todos os torcedores da escola estavam desfilando e que não sobrou ninguém para ficar na arquibancada e cantar o samba, considerado fraco por músicos e sambistas.

Fotografia
De volta ao Grupo Especial, a Camisa Verde e Branco empolgou, mas não surpreendeu. O enredo sobre a história da fotografia no Brasil recebeu um tratamento convencional, mas a escola parece ter recuperado o pique perdido com o rebaixamento, há dois anos.
A mais prejudicada pela chuva que atingiu São Paulo antes do desfile foi a Acadêmicos do Tucuruvi, que teve o carro abre-alas parcialmente danificado.
A comissão de frente da Leandro de Itaquera arrancou aplausos, mas a escola apresentou problemas de evolução e harmonia. (MARTA AVANCINI, MARCELO
OLIVEIRA E FABÍOLA SALANI)



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