São Paulo, segunda, 23 de fevereiro de 1998

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Problemas no som marcam desfile das escolas em SP

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Luiza Ambiel, a garota da banheira, destaque da Vai-Vai, cujo enredo era a imigração japonesa


da Reportagem Local


O Carnaval de 98 em São Paulo foi marcado pela desorganização. Houve venda de camarotes inexistentes, atraso na abertura dos portões e superlotação nas arquibancadas.
Mas o maior problema enfrentado na avenida, segundo o público e as escolas de samba, foi o sistema de som da empresa ARM.
A primeira pane ocorreu na apresentação da Acadêmicos do Tucuruvi, segunda escola a desfilar.
Um cabo de energia do primeiro carro de som se rompeu a 300 m da "linha de chegada" da escola, que ficou com apenas uma aparelhagem.
Nas outras escolas que se seguiram, a principal reclamação foi contra a ausência de retorno -instrumentistas e puxadores não ouviam a bateria e vice-versa.
"O som esteve péssimo. Foi uma falta de respeito. Essa empresa não tinha capacidade de ganhar a concorrência. Deram o melhor preço, mas o colocaram o pior material. É muita falta de profissionalismo", disse Magali dos Santos, presidente da escola.
O público, que ouvia o som com chiados e embolado nas caixas de som, percebeu o problema.
"O som está péssimo. A Camisa foi prejudicada no final e a Tucuruvi, então, nem se fala. Se o público não ouve direito, ele não reage e a escola, que depende do público, também", disse o professor da USP Ariovaldo dos Santos, 47, que estava na mesa de pista do setor 9, um dos mais prejudicados pelos problemas no som.
Às 4h30, uma caixa de som estourou durante o desfile da Leandro de Itaquera. No desfile da Mocidade Alegre, as últimas cinco alas ficaram praticamente sem som.
A cantora Alcione, destaque da Nenê, fez seu primeiro desfile em São Paulo e também reclamou do som.
"O som ficou realmente devendo à beleza do Carnaval de São Paulo. O Rio já sofreu muito com isso. Um desfile bonito desse não pode ser prejudicado."
Músico da Unidos do Peruche, o violonista Willians Siqueira Oliveira, 23, não conseguia ouvir os ritmistas da escola.
"Não estávamos ouvindo muito bem a bateria. A ressonância deveria ser melhor", disse o músico.
A Folha procurou ontem a empresa ARM, responsável pelo som no Sambódromo, mas não havia ninguém para falar sobre os problemas. A proprietária da empresa, Vilma Eid, também não foi encontrada em sua casa ontem à tarde. (MARCELO OLIVEIRA, MARTA AVANCINI E FABÍOLA SALANI)



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