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Sem infra-estrutura, doença avança
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Enchentes, lixo, água sem tratamento e doenças. Existe entre todos esses fatores uma relação estreita, segundo dados do "Atlas de
Saneamento", do IBGE.
São Paulo, por exemplo, foi o
Estado com maior número de cidades afetadas por inundações
em 2000. A capital paulista, naquele mesmo ano, foi a cidade que
mais registrou casos de leptospirose, doença de veiculação hídrica
cuja contaminação acontece por
meio da urina de ratos.
Foram 242 ocorrências em São
Paulo, de acordo com dados do
SUS (Sistema Único de Saúde),
compilados pelo IBGE.
Também bastante atingida por
enchentes, Recife ficou com o segundo lugar: 203 casos. Na cidade, ocorreu o maior número de
óbitos -21. Em São Paulo, foram
11 mortes. Em Pernambuco, 42 cidades sofreram inundações.
Relacionada ao tratamento da
água e às condições gerais de saneamento, de acordo com o
IBGE, a diarréia também fez mais
vítimas em Pernambuco.
Morreram, em 2000, 421 crianças com menos de cinco anos. Em
seguida, ficaram Bahia (387 mortes), Ceará (377), São Paulo (331) e
Alagoas (214). "As condições de
saúde estão diretamente ligadas
às condições sanitárias; onde estas são melhores, a mortalidade
infantil é menor", afirma Valdi
Camarcio Bezerra, presidente da
Funasa (Fundação Nacional de
Saúde) -órgão responsável pela
infra-estrutura de água e esgoto
de municípios de até 30 mil habitantes, mais de 80% do total de cidades do país.
Diarréias, dengue, febre tifóide
e malária são doenças de veiculação hídrica que preocupam.
"Sempre foi falado que o saneamento é fundamental para a saúde, mas nunca houve uma política
voltada para a questão", afirma o
presidente da Funasa.
Para acelerar a solução do problema de ausência de redes de esgoto em pequenas cidades, o governo busca "alternativas tecnológicas", diz Bezerra. No final do
ano acontecerá um seminário para a seleção de projetos nacionais
e internacionais mais simples e
baratos, com o objetivo de aplicá-los na rede pública.
De acordo com Bezerra, as redes tradicionais de esgoto requerem altíssimos investimentos.
A Funasa tem R$ 1 bilhão para
investir neste ano em saneamento, o que o presidente da fundação
considera suficiente para o período. Segundo Bezerra, no entanto,
a estimativa é que será preciso aumentar em 20% por ano esse recurso para dar conta do déficit.
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