São Paulo, terça, 23 de março de 1999
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Pitta não pediu denúncia, diz deputado

da Reportagem Local

O deputado Conte Lopes (PPB) disse ontem durante depoimento à CPI da Câmara que a assessoria do prefeito Celso Pitta mentiu ao declarar que uma denúncia feita por ele sobre cobrança de propina envolvendo a Regional da Penha teria sido feita em tom de fofoca.
Ele também rebateu afirmação de que Pitta teria pedido que a denúncia, feita verbalmente em reunião no gabinete do prefeito, fosse formalizada por escrito.
"Quando levei a denúncia a ele (Pitta), era para que ele tomasse uma providência", afirmou.
A declaração sobre o tom de fofoca da denúncia e sobre o pedido que ela fosse oficializada foi dada pelo secretário de Comunicação de Pitta, Antenor Braido.
Ontem, Braido foi informado pela Folha sobre o depoimento de Lopes e manteve a declaração dada anteriormente. Segundo Braido, o prefeito pediu ao deputado que formalizasse a denúncia.
"Não é verdade, porque ninguém me pediu para formalizar nada. Não sei porque ele (Braido) falou isso", disse Lopes à CPI.
O deputado revelou que havia denunciado o caso de corrupção a Pitta após seu seu nome aparecer em uma suposta lista de propinas de uma empresa de loteamentos irregulares.
O nome de Lopes apareceu ao lado da anotação "R$ 3.550,00", supostamente de propina. Ele nega ter participado de esquema de corrupção. "Eu não fui lá pegar dinheiro (de propina) e nunca pedi para ninguém pegar pra mim."
Antes do depoimento de ontem à CPI, Lopes já tinha confirmado na polícia a denúncia feita a Pitta.
Em depoimento, ele disse ter sido procurado por um empresário da Panco (indústria do setor alimentício) e recebido denúncia de que o vereador Vicente Viscome (sem partido) queria dez carros para não embargar um obra da empresa.
A cobrança de propina foi então comunicada ao prefeito em uma reunião no gabinete dele. O empresário da Panco e o vereador Cosme Lopes (PPB) também participaram da reunião, segundo o deputado.
Antes do caso envolvendo Viscome, Lopes disse que a empresa já tinha sido vítima de cobrança de propina na Regional de Itaquera. Na ocasião, a empresa teria que pagar R$ 6.000, também para não ter obras embargadas. "Como a empresa se recusou a pagar, o valor da propina subiu para R$ 50 mil. Seria isso ou uma multa de R$ 70 mil", contou ontem.
O parlamentar disse que a cobrança de propina foi feita em um reunião em que estava o vereador Dito Salim (PPB).
"Um assessor da empresa que estava na reunião me ligou e pedi para falar com o vereador, que disse que era melhor pagar o valor", afirmou o deputado. O vereador Salim, que tinha ligações políticas com a regional, nega envolvimento em esquemas de corrupção.
(JOÃO CARLOS SILVA)




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