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Pitta não pediu denúncia, diz deputado
da Reportagem Local
O deputado Conte Lopes (PPB)
disse ontem durante depoimento à
CPI da Câmara que a assessoria do
prefeito Celso Pitta mentiu ao declarar que uma denúncia feita por
ele sobre cobrança de propina envolvendo a Regional da Penha teria
sido feita em tom de fofoca.
Ele também rebateu afirmação
de que Pitta teria pedido que a denúncia, feita verbalmente em reunião no gabinete do prefeito, fosse
formalizada por escrito.
"Quando levei a denúncia a ele
(Pitta), era para que ele tomasse
uma providência", afirmou.
A declaração sobre o tom de fofoca da denúncia e sobre o pedido
que ela fosse oficializada foi dada
pelo secretário de Comunicação de
Pitta, Antenor Braido.
Ontem, Braido foi informado pela Folha sobre o depoimento de
Lopes e manteve a declaração dada
anteriormente. Segundo Braido, o
prefeito pediu ao deputado que
formalizasse a denúncia.
"Não é verdade, porque ninguém
me pediu para formalizar nada.
Não sei porque ele (Braido) falou
isso", disse Lopes à CPI.
O deputado revelou que havia
denunciado o caso de corrupção a
Pitta após seu seu nome aparecer
em uma suposta lista de propinas
de uma empresa de loteamentos
irregulares.
O nome de Lopes apareceu ao lado da anotação "R$ 3.550,00", supostamente de propina. Ele nega
ter participado de esquema de corrupção. "Eu não fui lá pegar dinheiro (de propina) e nunca pedi
para ninguém pegar pra mim."
Antes do depoimento de ontem à
CPI, Lopes já tinha confirmado na
polícia a denúncia feita a Pitta.
Em depoimento, ele disse ter sido procurado por um empresário
da Panco (indústria do setor alimentício) e recebido denúncia de
que o vereador Vicente Viscome
(sem partido) queria dez carros
para não embargar um obra da
empresa.
A cobrança de propina foi então
comunicada ao prefeito em uma
reunião no gabinete dele. O empresário da Panco e o vereador
Cosme Lopes (PPB) também participaram da reunião, segundo o deputado.
Antes do caso envolvendo Viscome, Lopes disse que a empresa já
tinha sido vítima de cobrança de
propina na Regional de Itaquera.
Na ocasião, a empresa teria que pagar R$ 6.000, também para não ter
obras embargadas. "Como a empresa se recusou a pagar, o valor da
propina subiu para R$ 50 mil. Seria
isso ou uma multa de R$ 70 mil",
contou ontem.
O parlamentar disse que a cobrança de propina foi feita em um
reunião em que estava o vereador
Dito Salim (PPB).
"Um assessor da empresa que estava na reunião me ligou e pedi para falar com o vereador, que disse
que era melhor pagar o valor", afirmou o deputado. O vereador Salim, que tinha ligações políticas
com a regional, nega envolvimento
em esquemas de corrupção.
(JOÃO CARLOS SILVA)
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