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Itaquera tem dois com prisão decretada
SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local
Dois funcionários da Administração Regional de Itaquera (zona
leste de São Paulo) tiveram a prisão temporária decretada na sexta-feira, sob a acusação de terem exigido propina de um comerciante
que fazia obra irregular.
A vítima, W.P.S., 48, entregou à
polícia uma fita cassete gravada, na
qual os acusados exigem R$ 10 mil
sob pena de paralisação da construção, que não tinha planta aprovada por causa de uma desapropriação, segundo o denunciante.
Antes dessa segunda ameaça, outros R$ 5.000 já haviam sido pagos.
O comerciante que fez a denúncia
não quer ser identificado.
A arquiteta Dinorá Braga, supervisora de Uso e Ocupação do Solo
de Itaquera, e o fiscal Albano Pires
haviam sido intimados a comparecer ontem à Dird (Divisão de Registros Diversos) para prestar depoimento. Como não atenderam à
intimação, foram considerados foragidos pela polícia.
Eles foram afastados das funções
pela prefeitura ontem.
A Administração Regional de
Itaquera já é a décima sob investigação no caso da máfia da propina.
Ela é controlada pelo vereador pepebista Benedito Salim. Segundo a
polícia, Dinorá é sua funcionária
de confiança e foi de Guaianazes
para Itaquera quando mudou a regional que o vereador controlava.
Cobrança
A extorsão começou, segundo
W., em junho de 97, quando ele
iniciou as obras de um salão comercial na esquina da avenida Jacu
Pêssego com a rua Tomé Álvares
de Castro. Dias depois, segundo o
relato do comerciante, Pires e uma
fiscal identificada apenas como
Cristina apareceram para checar
os documentos da construção e
identificaram a falta de planta.
Os fiscais mandaram, então, que
o comerciante procurasse Dinorá
na regional. Após negociação, a arquiteta disse que por R$ 6.000 ele
poderia continuar a construção.
O denunciante diz ter ouvido dela que o dinheiro seria necessário
"para o caso de superiores passarem por lá e cobrarem satisfações
dos funcionários". No final, W. pagou R$ 5.000 em quatro cheques.
Por cinco meses, W. continuou a
obra sem ser importunado pelos
fiscais e sem pagar qualquer multa
pela falta de planta da construção.
Em novembro, no entanto,
quando as paredes do salão já estavam altas, dois fiscais identificados
como Gonzaga e Japonês voltaram
à obra e apontaram o problema.
Na ocasião, W. disse que já havia
pago a Dinorá, mas os fiscais argumentaram que o acerto valia para
apenas uma das três frentes do
imóvel e que ele deveria voltar a
procurar a supervisora.
O comerciante foi à regional e
gravou a conversa com Dinorá. Na
fita, a voz apontada como sendo a
da supervisora diz claramente que
ele lhe deve R$ 10 mil pelas outras
duas frentes do salão.
O pedreiro de W., que de novo o
havia acompanhado à regional,
confirmou o relato à polícia.
W. cedeu à polícia a fita e cópias
dos cheques que deu a Dinorá.
Três deles foram depositados na
conta de uma rede de supermercados, com o nome de Pires no verso.
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