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Ex-regional da Sé aparece e é preso
da Reportagem Local
O engenheiro agrônomo João
Bento dos Santos Filho, ex-regional da Sé (região central de SP), foi
preso temporariamente ontem sob
acusação de ser um dos coordenadores da máfia dos fiscais na área
da Sé. Até o começo da noite, ele
não havia sido interrogado.
Bento estava com a prisão decretada desde a última quinta-feira. A
temporária tem validade de cinco
dias, podendo ser renovada pelo
juiz pelo mesmo período.
Na sexta-feira, ele foi denunciado (apontado formalmente como
suspeito pelo Ministério Público)
sob acusação de prevaricação (deixar de cumprir função pública),
concussão (exigir vantagem para
deixar de cumprir função pública)
e formação de quadrilha.
O engenheiro trabalha há 15 anos
na prefeitura. Entre 7 de dezembro
de 96 e 3 de fevereiro de 98, ele ocupou o cargo de administrador da
Sé, do qual pediu exoneração. Desde então, está na SAR, mas gozando férias acumuladas até 6 de abril.
Contra Bento existem pelo menos três acusações. Pela primeira
delas, ele sabia que os assessores da
SAR Akira Yoshikawa e Hélio Furmankiewicz, também denunciados e presos, exigiam propina do
representante da W.Sita, José Novaes Neto, para garantir-lhe exclusividade sobre a venda de barracas
dos bolsões do centro.
Se não comprassem as barracas
indicadas, os camelôs não poderiam ir para os bolsões, diziam os
assessores. O próprio Novaes confirmou a extorsão -cerca de 10%
sobre suas vendas- e disse que
Yoshikawa e Furmankiewicz chegaram a exigir R$ 25 mil pela edição de uma portaria que ordenasse
a padronização das bancas.
Novaes disse que pagou apenas
R$ 3.950, e a portaria foi editada
em 13 de maio de 98 pelo secretário
Alfredo Mário Savelli, então titular
da SAR, com abrangência restrita
ao centro. O próprio Savelli admitiu que Yoshikawa deu sugestões
em sua redação, mas negou saber
do acerto para sua publicação.
A segunda denúncia contra João
Bento refere-se ao esquema do lixo. De acordo com depoimento do
ex-supervisor de Uso e Ocupação
do Solo da Sé, Adão Luiz Castanheiro Martins, 31, funcionários
da Vega Ambiental apontavam o
ex-regional como o destinatário
inicial da propina paga pela aprovação de planilhas irregulares. A
Vega é responsável pela varrição e
coleta na região da Sé.
Castanheiro disse ainda que recebia R$ 300 mensais para assinar
as planilhas sem fiscalizar os serviços da Vega e afirmou que, eventualmente, Bento o chamava em
sua sala e colocava diretamente no
seu bolso R$ 1.000, parte do supervisor no esquema do lixo.
A terceira acusação foi feita pelo
presidente da Associação dos Lojistas da General Carneiro, Lúcio
Santos, 37. Santos diz ter denunciado "inúmeras" vezes a ele a existência de acertos entre fiscais e ambulantes.
(SÍLVIA CORRÊA)
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