São Paulo, terça, 23 de março de 1999
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Ex-regional da Sé aparece e é preso

da Reportagem Local

O engenheiro agrônomo João Bento dos Santos Filho, ex-regional da Sé (região central de SP), foi preso temporariamente ontem sob acusação de ser um dos coordenadores da máfia dos fiscais na área da Sé. Até o começo da noite, ele não havia sido interrogado.
Bento estava com a prisão decretada desde a última quinta-feira. A temporária tem validade de cinco dias, podendo ser renovada pelo juiz pelo mesmo período.
Na sexta-feira, ele foi denunciado (apontado formalmente como suspeito pelo Ministério Público) sob acusação de prevaricação (deixar de cumprir função pública), concussão (exigir vantagem para deixar de cumprir função pública) e formação de quadrilha.
O engenheiro trabalha há 15 anos na prefeitura. Entre 7 de dezembro de 96 e 3 de fevereiro de 98, ele ocupou o cargo de administrador da Sé, do qual pediu exoneração. Desde então, está na SAR, mas gozando férias acumuladas até 6 de abril.
Contra Bento existem pelo menos três acusações. Pela primeira delas, ele sabia que os assessores da SAR Akira Yoshikawa e Hélio Furmankiewicz, também denunciados e presos, exigiam propina do representante da W.Sita, José Novaes Neto, para garantir-lhe exclusividade sobre a venda de barracas dos bolsões do centro.
Se não comprassem as barracas indicadas, os camelôs não poderiam ir para os bolsões, diziam os assessores. O próprio Novaes confirmou a extorsão -cerca de 10% sobre suas vendas- e disse que Yoshikawa e Furmankiewicz chegaram a exigir R$ 25 mil pela edição de uma portaria que ordenasse a padronização das bancas.
Novaes disse que pagou apenas R$ 3.950, e a portaria foi editada em 13 de maio de 98 pelo secretário Alfredo Mário Savelli, então titular da SAR, com abrangência restrita ao centro. O próprio Savelli admitiu que Yoshikawa deu sugestões em sua redação, mas negou saber do acerto para sua publicação.
A segunda denúncia contra João Bento refere-se ao esquema do lixo. De acordo com depoimento do ex-supervisor de Uso e Ocupação do Solo da Sé, Adão Luiz Castanheiro Martins, 31, funcionários da Vega Ambiental apontavam o ex-regional como o destinatário inicial da propina paga pela aprovação de planilhas irregulares. A Vega é responsável pela varrição e coleta na região da Sé.
Castanheiro disse ainda que recebia R$ 300 mensais para assinar as planilhas sem fiscalizar os serviços da Vega e afirmou que, eventualmente, Bento o chamava em sua sala e colocava diretamente no seu bolso R$ 1.000, parte do supervisor no esquema do lixo.
A terceira acusação foi feita pelo presidente da Associação dos Lojistas da General Carneiro, Lúcio Santos, 37. Santos diz ter denunciado "inúmeras" vezes a ele a existência de acertos entre fiscais e ambulantes. (SÍLVIA CORRÊA)




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