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TRÁFICO
Nova estrutura vai integrar vários órgãos no combate ao crime
Governo anuncia a criação do Sistema Nacional Antidrogas
WILLIAM FRANÇA
AUGUSTO GAZIR
da Sucursal de Brasília
Sete meses após ser criada, a Secretaria Nacional Antidrogas ganhou a disputa com a Polícia Federal e passa a ser o braço operacional do combate ao narcotráfico no
país. A PF vai seguir a política traçada pela Casa Militar da Presidência, órgão central do novo sistema.
Hoje, segundo a Folha apurou, o
presidente Fernando Henrique
Cardoso fará o anúncio da criação
do Sistema Nacional Antidrogas.
Além da tentativa de integrar os
vários órgãos federais na repressão
ao tráfico, na prevenção e no tratamento de dependentes, a nova estrutura antidrogas traz como novidade o envolvimento direto dos
Estados.
A nova estrutura, ainda mantida
parcialmente sob sigilo, vem sendo desenhada desde novembro.
No dia 31 deste mês, FHC dará início oficialmente ao novo sistema
ao reunir representantes dos Estados e dos vários organismos federais envolvidos numa reunião no
Palácio do Planalto.
Tripé de combate
Um ponto-chave do sistema será
a rede de comunicação interligando uma série de pessoas e de entidades, que cuidará do combate ao
narcotráfico. Essa rede será usada
para acionar a "força-tarefa", denominação dada ao tripé composto por órgãos de polícia (como a
Polícia Federal e as polícias civis
estaduais), de inteligência (como
os da Receita Federal ou da Agência Brasileira de Inteligência) e de
Justiça (como o Ministério Público
ou a Justiça Federal).
As ações dessa "força-tarefa" serão coordenadas pela secretaria
Antidrogas. Dependendo da necessidade e da região onde for desenvolvida a missão, outros órgãos
governamentais poderão ser acionados -a Polícia Rodoviária Federal, as Forças Armadas, o Ibama
e a Funai, por exemplo.
A idéia é fazer um trabalho integrado que, além do combate ao
tráfico de drogas, possibilite a repressão conjunta a delitos conexos, como lavagem de dinheiro,
tráfico de armas e contrabando.
Armas, drogas e contrabando
muitas vezes entram juntos no país
em vôos clandestinos ou usam as
mesmas rotas de escoamento e de
distribuição.
Essa "força-tarefa" visa também
inibir a especialização de grupos
organizados, que começam com o
contrabando e acabam comercializando drogas, devido à ausência
de repressão. O governo dispõe de
informações de que grupos que há
30 anos contrabandeavam uísque
hoje comercializam e distribuem
drogas.
A rede de comunicações terá interligações ainda com as polícias
estaduais, de preferência com grupos treinados no combate ao narcotráfico. O primeiro dos convênios deve ser assinado com o Espírito Santo.
O governo quer alterar a atual situação, em que os governadores
estão gastando dinheiro nos grandes centros para combater a criminalidade, na maior parte dela em
ocorrências envolvendo drogas,
em vez de impedir que ela seja distribuída no Estado.
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