São Paulo, terça, 23 de março de 1999
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Combate ao tráfico deve priorizar fronteiras

da Sucursal de Brasília

O Sistema Nacional Antidrogas prevê que as operações especiais de combate ao narcotráfico priorizem as fronteiras terrestres. O governo está convencido de que o enfoque desenvolvido até agora -especialmente pela Polícia Federal-, de priorizar o combate em grandes centros consumidores, está equivocado.
Segundo a Folha apurou, uma das primeiras operações será na região amazônica, na área do rio Solimões, considerada uma das principais rotas de tráfico da pasta básica de cocaína vinda do Peru. O governo tem a rota traçada e quer "fechar as torneiras", como são denominadas essas vias de acesso.
Numa das rotas, a pasta de cocaína navega desde o rio Marañon, no Peru, passando pela cidade de Tabatinga, no Amazonas, percorrendo parte do rio Solimões até seu encontro com o rio Japurá, que segue em direção à Colômbia. Em território colombiano, onde o rio passa a se chamar Caquetá, é feito o refino da pasta, que depois de pronta deixa o local pelo mesmo esquema.
Outro ponto com esquema semelhante é verificado na cidade de Cruzeiro do Sul, no Acre. Do Peru, no rio Moa, a pasta básica navega pelo rio Juruá em território brasileiro. Em suas margens, ela é refinada e deixa a região em sacos de farinha.
Na região amazônica, além das cidades de Tabatinga e de Cruzeiro do Sul, há preocupação com rotas em outras cidades, como Atalaia do Norte (AM), São Paulo de Olivença (AM) e Taumaturgo (AC).

Atenção desequilibrada
Existe no governo a avaliação de que a atenção dada, inclusive pelos meios de comunicação, ao tráfico no Rio de Janeiro é desequilibrada pelo que o problema representa no restante do país.
O maior mercado de droga no Brasil é São Paulo. No Rio, os grupos de traficantes são pulverizados, jovens, ostentatórios e não controlam rotas internacionais.
A maconha comercializada na cidade vem do polígono da maconha (PE), rota coordenada pelos traficantes cariocas, baseados nas favelas. No restante do país, a maconha comercializada é paraguaia, fornecida pelas organizações que se articulam no exterior.
(AG e WF)



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