São Paulo, domingo, 23 de abril de 2000


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Programa dá atendimento para evitar gravidez precoce

GABRIELA ATHIAS
da Reportagem Local

Os programas públicos de juventude existentes no país têm como ponto de partida serviços de saúde. Em São Paulo, onde funciona um projeto premiado pela Organização Panamericana de Saúde (Opas), a porta de entrada é o Hospital das Clínicas.
A lógica desse programa é dar atendimento integral às adolescentes que procuram o ambulatório para fazer exames ginecológicos, pré-natal ou aprender sobre métodos de anticoncepção.
O governo federal, que desde o ano passado estuda uma política de juventude, deverá lançar um programa nacional nos próximos meses. Ano passado, equipes da Secretaria Nacional de Assistência Social e da Casa Civil começaram a fazer um levantamento sobre os programas voltados para jovens existentes em nível federal. A intenção é agrupá-los na nova proposta.
Basear políticas de juventude em ações de saúde, no Brasil, foi uma das formas encontradas pelo Estado de São Paulo para tentar reduzir os índices de gravidez na adolescência e as consequências sociais decorrentes da maternidade precoce, como a falta de escolarização e o desemprego.
Dados do IBGE e do Ministério da Saúde indicam que 50% das adolescentes sem escolarização, entre 15 e 19 anos, já têm pelo menos um filho. Além disso, nos últimos 25 anos, a população urbana adolescente triplicou. Mais de 70% dos adolescentes brasileiros entre 15 e 19 anos vivem em cidades. A maioria depende dos serviços públicos de saúde e educação.
Para se ter uma idéia do que isso representa, em 1998, pelo menos 27% dos partos feitos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) foram de adolescentes.
As consequências sociais disso são grandes: apenas 11% das grávidas de até 19 anos permanecem na escola (esse percentual é de 75% entre garotas que não engravidaram). Desqualificadas, elas enfrentam dificuldades para ingressar no mercado de trabalho.
O resultado é que 80% dos filhos das adolescentes são sustentados pelos avós maternos.
Segundo o IBGE, 50% dos desempregados brasileiros são jovens de até 24 anos. Para completar, 40% das adolescentes voltam a engravidar 36 meses após a primeira gestação.
Albertina Duarte, coordenadora do programa de adolescentes de São Paulo, costuma dizer que o poder público não pode perder a oportunidade de dar atendimento integral aos jovens que chegam aos postos de saúde.
A primeira impressão de quem entra no ambulatório de adolescentes do HC é a de que ali reina o caos. No intervalo das consultas (cada garota é atendida por equipes multidisciplinares, como psicólogas, médicas e assistentes sociais) e das palestras, as meninas fazem até oficina de culinária para aprender os benefícios da alimentação balanceada.
Após a "sessão de culinária", o lanche é servido na sala de espera principal do ambulatório.


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