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Programa dá atendimento para evitar gravidez precoce
GABRIELA ATHIAS
da Reportagem Local
Os programas públicos de juventude existentes no país têm
como ponto de partida serviços
de saúde. Em São Paulo, onde
funciona um projeto premiado
pela Organização Panamericana
de Saúde (Opas), a porta de entrada é o Hospital das Clínicas.
A lógica desse programa é dar
atendimento integral às adolescentes que procuram o ambulatório para fazer exames ginecológicos, pré-natal ou aprender sobre
métodos de anticoncepção.
O governo federal, que desde o
ano passado estuda uma política
de juventude, deverá lançar um
programa nacional nos próximos
meses. Ano passado, equipes da
Secretaria Nacional de Assistência Social e da Casa Civil começaram a fazer um levantamento sobre os programas voltados para
jovens existentes em nível federal.
A intenção é agrupá-los na nova
proposta.
Basear políticas de juventude
em ações de saúde, no Brasil, foi
uma das formas encontradas pelo
Estado de São Paulo para tentar
reduzir os índices de gravidez na
adolescência e as consequências
sociais decorrentes da maternidade precoce, como a falta de escolarização e o desemprego.
Dados do IBGE e do Ministério
da Saúde indicam que 50% das
adolescentes sem escolarização,
entre 15 e 19 anos, já têm pelo menos um filho. Além disso, nos últimos 25 anos, a população urbana
adolescente triplicou. Mais de
70% dos adolescentes brasileiros
entre 15 e 19 anos vivem em cidades. A maioria depende dos serviços públicos de saúde e educação.
Para se ter uma idéia do que isso
representa, em 1998, pelo menos
27% dos partos feitos pelo SUS
(Sistema Único de Saúde) foram
de adolescentes.
As consequências sociais disso
são grandes: apenas 11% das grávidas de até 19 anos permanecem
na escola (esse percentual é de
75% entre garotas que não engravidaram). Desqualificadas, elas
enfrentam dificuldades para ingressar no mercado de trabalho.
O resultado é que 80% dos filhos das adolescentes são sustentados pelos avós maternos.
Segundo o IBGE, 50% dos desempregados brasileiros são jovens de até 24 anos. Para completar, 40% das adolescentes voltam
a engravidar 36 meses após a primeira gestação.
Albertina Duarte, coordenadora do programa de adolescentes
de São Paulo, costuma dizer que o
poder público não pode perder a
oportunidade de dar atendimento integral aos jovens que chegam
aos postos de saúde.
A primeira impressão de quem
entra no ambulatório de adolescentes do HC é a de que ali reina o
caos. No intervalo das consultas
(cada garota é atendida por equipes multidisciplinares, como psicólogas, médicas e assistentes sociais) e das palestras, as meninas
fazem até oficina de culinária para
aprender os benefícios da alimentação balanceada.
Após a "sessão de culinária", o
lanche é servido na sala de espera
principal do ambulatório.
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